O Órgão Barroco da Capela da Universidade de Coimbra Livro
de Marco Daniel Duarte e Joel Canhão
Sobre
o LivroPatrimónio artístico da mais pura água e memória de um passado recente vertido em beleza, o órgão da capela da Universidade de Coimbra constitui uma peça rara cuja divulgação é imperativo da presente monografia. Longe de se tratar de um estudo exaustivo, pretendeu-se uma exposição breve e atraente capaz de captar o mais vasto público. Desde a história de construção à selecção dos elementos fundamentais da sua fábrica, entre os quais assume destacada relevância o único manual para o comando de três secções, passando pela sua filiação ibérica até ao uso dos pedais cujo emprego é acompanhado de sugestões, pelas madeiras e metais mais utilizados, até à forma e posição dos tubos, são exemplo de alguns aspectos focados. Não ficaram também por referir questões do foro estético ligadas à audição e ao visual, duas vertentes aqui profundamente apelativas, designadamente a excelência de qualidade sonora de alguns flautados e a riqueza luxuriante do trabalho de talha que emoldura o órgão. Nesta moldura artística, pode apreciar-se uma verdadeira máquina de ouro que se faz forma de um mundo de ideias a que subjaz toda uma cultura visual assente na maneira de entender o cosmos cristológico na Idade Moderna. As possantes conchas douradas, as cartelas e palmas, os teatrais panejamentos fingidos, as enigmáticas "chinoiseries", os anjos músicos, as trombetas esculpidas e, sumamente importante, o "magnânimo" brasão que tomam como "habitat" a bacia, o lugar do organista e o coroamento da caixa do órgão da capela de São Miguel da Universidade de Coimbra formam uma gigantesca escultura que, em sintonia com os sons do instrumento, constitui, na sua materialidade e na sua imaterialidade, uma das mais interessantes páginas da parenética barroca portuguesa.