O Existencialismo e a Sabedoria das Nações

de Simone de Beauvoir
editor: Esfera do Caos, junho de 2008
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Os textos que esta antologia inédita recupera, "totalmente empenhados e totalmente livres", foram publicados em Les Temps Modernes, revista que Sartre e Beauvoir fundaram em 1945. Neles, a autora reivindica-se solidária das circuns­tâncias em que intervém, e faz dessa solidariedade uma oca­sião e um objecto de pensamento.

"O homem procura sempre o seu próprio interesse", "A natureza humana nunca mudará", "Longe da vista, longe do coração", "Ninguém dá nada a ninguém", "Enquanto se é novo, é tudo muito bonito", "Não andamos cá para nos divertirmos"…
Estes lugares comuns, estes dados adquiridos que constituem a sabedoria das nações, exprimem uma visão do mundo incoerente, cínica e omnipresente, que é preciso pôr em causa. É em nome deles, com efeito, que se censura ao existencialismo oferecer ao homem uma imagem de si próprio e da sua condição, determinada a desesperá-lo. Contudo, e bem pelo contrário, esta filosofia quer convencê-lo a recusar as consolações da mentira e da resignação: confia no homem.

Índice:
1 O Existencialismo e a sabedoria das nações
2 Idealismo moral e realismo político
3 Literatura e metafísica
4 Olho por olho

Prefácio

"Em França, vocês pensam nos problemas sem os resolverem", dizia-me, um dia, um americano. "Nós não pensamos nos problemas: resolvemo-los."
Resumia assim, nesta tirada agressiva, as críticas que em todos os tempos têm sido dirigidas ao pensamento especulativo: este não ajudaria a viver, e distrairia até da vida. É preciso viver.
Hoje em dia, quando se ataca o existencialismo, não é geralmente contrapondo-lhe outra doutrina definida, mas antes recusando qualquer crédito à filosofia em geral.
Uma tal atitude está viciada desde a raiz, repousando em pressupostos que não são, nem axiomas a priori, nem leis experimentais, e que relevam eles próprios de uma filosofia.
Por exemplo, não é verdade que a massa dos opositores do existencialismo olhe o mundo com olhos ingénuos: apreendem-no através desses lugares-comuns que constituem a Sabedoria das Nações, incoerente, contraditória; essa sabedoria é, entretanto, uma visão do mundo que convém pôr em causa. E, se a submetemos a um exame sério, compreendemos que não conseguiria satisfazer um espírito honesto: é apenas por preguiça que tanta gente recorre a ela.
Da mesma forma, não se pode culpar a estética existencialista em nome de príncipios absolutos; essa estética não existe, uma vez que a literatura é aquilo que o homem faz que ela seja. Na verdade, opõe-se-lhe uma outra estética, geralmente um vago naturalismo que não possui garantia incondicionada. Um dos domínios onde se recusou mais intensamente a intrusão da filosofia é o domínio político: o realismo político não tem, diz-se, de se deixar enredar por considerações abstractas. Mas, se olharmos mais de perto, rapidamente nos apercebemos de que os problemas políticos e morais estão indissoluvelmente ligados: trata-se, de qualquer forma, de fazer a história humana, de fazer o homem; e, dado que o homem está por fazer, está em questão: é essa questão que está na origem, ao mesmo tempo, da acção e da sua verdade.
Por trás da política mais crua, mais linear, há sempre uma ética que se dissimula. É isso que descobrimos de forma evidente, assim que consideramos o caso concreto.
O problema do castigo, que perturbou tantas consciências no dia a seguir à Libertação, não se poderia resolver, nem sob um plano puramente político, nem seguindo as normas de uma moral abstracta, escolhendo a caridade mais do que a justiça, o rigor mais do que a clemência, definindo cada um relativamente aos outros homens uma atitude global que é precisamente a atitude metafísica: colocam-se completamente em questão perante o mundo inteiro. O homem não pode fugir à filosofia, porque não pode fugir à sua liberdade: esta implica a recusa do adquirido e a interrogação. Aí está o que estes ensaios se esforçam por demonstrar. Não procuram definir mais uma vez o existencialismo, mas defendê-lo contra as acusações de frivolidade e de gratuitidade que, de forma frívola e gratuita, têm sido amiúde dirigidas, desde Sócrates, a todo o pensamento organizado. Na verdade, não há divórcio entre filosofia e vida.
Toda a conduta viva é uma escolha filosófica, e a ambição de uma filosofia digna desse nome é a de ser um modo de vida que traga consigo a sua justificação.
S. de B.

O Existencialismo e a Sabedoria das Nações

de Simone de Beauvoir

Propriedade Descrição
ISBN: 9789898025531
Editor: Esfera do Caos
Data de Lançamento: junho de 2008
Idioma: Português
Dimensões: 152 x 226 x 10 mm
Páginas: 104
Tipo de produto: Livro
Coleção: Ideias
Classificação temática: Livros em Português > Ciências Sociais e Humanas > Filosofia
EAN: 9789898025531

SOBRE O AUTOR

Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir nasceu em Paris, em 1908. Estudou Filosofia na Sorbonne, onde conheceu Sartre, companheiro de toda a vida e com quem viveu uma relação célebre pelos seus padrões de abertura e honestidade. No final da Segunda Guerra Mundial, editou a revista política Les Temps Modernes, fundada por Sartre e Merleau-Ponty, entre outros. Foi ativista no movimento francês de emancipação das mulheres, nos anos de 1970, e serviu de modelo e de influência aos movimentos feministas posteriores. Simone de Beauvoir ganhou o Prémio Goncourt em 1954 com Os Mandarins. Morreu em Paris, em 1986.

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