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O Colóquio dos Cães incluído em O Casamento Enganoso

de Miguel de Cervantes
editor: Sistema Solar, julho de 2020
12,00€
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Cervantes: «Sou o primeiro a fazer novelas em língua castelhana, porque as muitas novelas que nela andam impressas são todas traduzidas de línguas estrangeiras, e estas são minhas, não imitadas nem furtadas; o meu engenho engendrou-as e pariu-as a minha pena, e vão crescendo nos braços da imprensa.»

«Se Miguel de Cervantes no teatro mostrava um talento suplantado por Lope de Vega, se em versos nunca era mau sem ser muito bom, surgiu como fulgurante inovador da ficção em prosa, considerada no seu tempo arte menor perante as formas poética e teatral. O seu D. Quixote conquistou no mundo literário um primeiro e bem explícito exemplo do que hoje conhecemos pela designação de romance; e as suas ficções curtas — só antecedidas no género pelas que tinham construído o Decameron de Bocaccio — também se afirmavam em castelhano como novidade absoluta.
[…] Estas ficções curtas, escritas em épocas diferentes da sua vida, foram revistas e sujeitas à forma definitiva que assumiram para surgir reunidas nas suas Novelas Exemplares publicadas em 1613, três anos antes da sua morte. São doze, se incluirmos nelas o exemplo discrepante de O Colóquio dos Cães, metido dentro de outro texto, O Casamento Enganoso, este conciliável com o que reconhecemos como novela. O incómodo estrutural desta discrepância já excluiu por várias vezes o Colóquio do conjunto destas novelas, mesmo que tenha sido preciso amputar com ele a parte final de O Casamento Enganoso.
Cervantes, por certo inspirado num diálogo do grego Luciano de Samósata com animais dotados de racionalidade, dá a dois cães algumas horas de fala e superior entendimento, para oferecer aos seus leitores um espectáculo de males muito difundidos na sociedade do seu tempo e perturbadores do comportamento moral que uma inocência de cão julgaria inseparáveis da raça humana. O prodígio mental concedido ao cão Berganza permite que ele nos dê conta, de forma irónica e por vezes pícara, das experiências que teve com todos os seus donos, ouvido atentamente pelo cão Cipión, que ao ser abrangido pelo mesmo prodígio decide retribuir-lhe com outro relato. Cervantes teria pensado em duplicar este diálogo de cães, sem nunca chegar a fazê-lo, promessa não cumprida que incitou um tal Ginés Carrillo Cerón, escritor de Granada, a publicar em 1635 Los Perros de Mahudes, executando o que Cervantes prometeu mas nunca realizou.» Aníbal Fernandes

O Colóquio dos Cães incluído em O Casamento Enganoso

de Miguel de Cervantes

Propriedade Descrição
ISBN: 9789898833495
Editor: Sistema Solar
Data de Lançamento: julho de 2020
Idioma: Português
Dimensões: 148 x 205 x 11 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 128
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789898833495

SOBRE O AUTOR

Miguel de Cervantes

Romancista, dramaturgo e poeta espanhol. Foi o criador de "D. Quixote" (1605) e é considerado uma das figuras mais importantes da literatura espanhola. Nasceu em 1547, em Alcalá de Henares, Espanha, e morreu em 1616, em Madrid. Depois de ter estudado em Madrid, Cervantes partiu para a Itália e tornou-se soldado. Participou na batalha marítima de Lepanto, em 1571, na qual perdeu o uso da mão direita. Passadas muitas aventuras, incluindo cinco anos de captura nas mãos dos turcos, regressou a Espanha, em 1580.
Em 1585 escreveu "La Galatea", o seu primeiro livro de ficção, no novo estilo elegante da novela pastoral. Com a ajuda de um pequeno círculo de amigos, que incluía Luis Gálvez de Montalvo, o livro deu a conhecer Cervantes a um público sofisticado. As últimas edições em espanhol surgiram em Lisboa, em 1590, e em Paris, em 1611. Na mesma altura, durante a "idade de ouro" do teatro espanhol, também se dedicou ao drama. Em 1585 foi contratado para escrever peças para Gaspar de Porras. A que mais se destacou foi "La Confusa", considerada por Cervantes a melhor que alguma vez criou. Escreveu cerca de vinte ou trinta peças teatrais, mas apenas duas sobreviveram: "El Trato de Argel" e "La Numancia". Seguiu-se uma pausa na sua carreira literária. Depois de falhar como dramaturgo e de verificar que não conseguiria viver apenas da literatura, tornou-se comissário de aprovisionamento da Armada Invencível, em 1587.
Em 1604 Cervantes vendeu os direitos da primeira parte da novela "El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha". Em Janeiro do ano seguinte, a obra foi publicada e tornou-se um sucesso imediato. Em Agosto do mesmo ano, foram realizadas várias edições: duas em Madrid, duas em Lisboa e uma em Valência. Num curto espaço de tempo, o nome de Miguel de Cervantes passou a ser tão conhecido em Inglaterra, em França e em Itália, como em Espanha.
Em 1613 foram publicadas doze pequenas histórias, à maneira italiana, as "Novelas Ejemplares", cujo prólogo continha a única imagem autêntica do autor. No mesmo prólogo, Cervantes reivindica-se como o primeiro a escrever novelas originais em castelhano. Em 1614 foi publicado a "Viage del Parnaso", com o objetivo de glorificar um grande número de poetas contemporâneos e satirizar outros. É um longo poema alegórico, de escárnio mitológico e escrito em forma satírica, com um pós-escrito em prosa. Em 1615, depois de perder todas as esperanças de ver as suas peças em palco, oito delas foram publicadas em conjunto com oito interlúdios cómicos, com o título de "Ocho Comedias y Ocho Entremeses Nuevos". Posteriormente, esta obra foi reconhecida como uma das melhores do género. Em 1615 Alonso Fernández de Avellaneda, admirador de Lope de Vega, publicou, em Tarragona, a "Segunda parte del ingenioso Cavallero Don Quixote de la Mancha". No prólogo, Avellaneda insultou Cervantes que, como era esperado, lhe respondeu de uma forma mais comedida. Em 1616 a obra foi publicada em Bruxelas e em Veneza e, um ano depois, em Lisboa. A grande maioria das pessoas consideram esta segunda parte mais rica e mais profunda do que a primeira.
Nos últimos anos de vida, Cervantes trabalhou em várias obras, tais como "Bernardo", o nome lendário de um herói épico espanhol; "Semanas del Jardín", uma coleção de fábulas; e a continuação de "La Galatea". A única publicada postumamente foi "Los Trabajos de Pérsiles y Segismunda, história setentrional", em 1617. Nessa obra, Cervantes procurou renovar os romances heróicos de aventura e de amor, à maneira de "Aethiopica" de Heliodorus. Explorou, assim, o potencial mítico e simbólico do romance. Na dedicatória, escrita três dias antes de morrer, Cervantes despediu-se comovidamente, dizendo-se "com um pé já no estribo". Miguel de Cervantes morreu em 1616, possivelmente vítima de hidropisia, de arteriosclerose ou de diabetes, parecendo ter alcançado uma serenidade final de espírito.
© 2003 Porto Editora, Lda.

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