Moonshine

Há, ou melhor, parece haver, ou há autores que assim o defendem, uma espécie de imaginário americano ligado ao ainda-desconhecido do imenso território que os europeus invadiram, espoliaram e no qual ainda ao dia de hoje não se sentem confortáveis. Daí que, de vez em quando, lá surge mais uma história onde o sobrenatural sobrenada as águas pútridas de algumas realidades. Neste caso, o gangsterismo apresenta-se de braço dado com a licantropia. Pelo meio, o crime, a lei Seca, o crescimento das cidades e de um país, num tempo que não é, por razões várias, de boa memória. Este álbum, que encerra a série, não é melhor nem pior que os outros, pelo que o que vale é o conjunto. E o conjunto é bom. Se os lobisomens fazem avançar a história, para o seu final em tons de tragédia patética, a verdade é que não passam de folclore, e a narrativa lia-se da mesma forma dispensando-os. Tem muitos pormenores que numa primeira passagem poderão passar despercebidos, mas a verdade é que se constitui quase como que uma enciclopédia desse tempo que tanto evoca como lhe calha enquanto epitáfio.