Mas o contraste não me esmaga Livro
de Hugo Canoilas, Giannis Varelas e Thomas Kratz
Sobre
o LivroMas o contraste não me esmaga — é o livro que tem entre mãos. Foi editado por
ocasião da exposição Na vidraça há o ruído do diverso, de Hugo Canoilas,
Thomas Kratz e Giannis Varelas, e construído a partir de um princípio universal,
definido por André Breton, fundador do movimento surrealista, de objectividade
do acaso, isto é, conduzido pelos bons serviços da intuição e suportado na
crença de que esta é uma categoria fiável.
Sabemo-lo desde sempre, o livro é uma entidade propiciadora de
relações esotéricas; o simbolismo deste objecto universal provém
não tanto do sentido das palavras que necessariamente transporta,
mas de uma condição intrínseca e única: repousa, em attente e em
tensão, íamos dizer atenção, fechado sobre ele próprio como um
túmulo ou um poço.
Mas o contraste não me esmaga — é, em acepção lata, um livro de
desenho, um livro que remete para si enquanto objecto e enquanto
projecto. Não tem a ambição de sintetizar o mundo, mas algumas
das articulações que propicia são dessa ordem — mediúnicas. Na
locução polissémica e profética de Mallarmé, «le monde est
fait pour aboutir à un beau livre.»