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Ler não prejudica a saúde

de João Sevivas
editor: Editorial Minerva de Lisboa, abril de 2005
7,07€
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A procura do contacto, o falar e ouvir é um alimento que vai escasseando. Andamos esfomeados de comunicação, não da social que nos mata, mas da individual, do diálogo vivo. Não é tanto pelo café que se pede, é muito mais pela companhia que se toca, pelas palavras e pelo olhar e mão que se estendem. Quem vai às compras gosta de regatear porque afinal poupa, mas muito mais porque pode falar e ouvir, acender uma chama que aquece. Ainda estava casado precisou a minha consorte de mandar fazer a sua capa de solicitadora. Estávamos no Porto, e talvez por vaidade, lembrei então que a minha toga precisava de reforma, ou quando muito, seria bom ter uma outra de reserva, aproveitando o facto de, por certo, duas encomendas iriam encher o magro bolso de lauto desconto. O alfaiate, mais parecia um empresário de sucesso, depois de eu lançar várias vezes a réplica da quantia que entendia justa, mais para mim do que para ele, confesso, pelo preço das duas peças, lá acedeu a tirar as medidas para a minha nova toga. Que fique bem, para ficarmos clientes, soltei ao mesmo tempo que apertava a mão grossa e pensante do meu novo amigo. Talvez um fato fosse a próxima encomenda enquanto sorria para aqueles olhos finos e sabedores. O pagamento, por ancestral norma da casa, deveria ser feito logo no início. O nome da casa, as instalações, o requinte e as mesuras, quebraram-me qualquer eventual suspeita, tanto mais que fiz questão de entregar cheque com o nome do portador bem legível. Eis então, passados uns meses, que são enviados pelo correio os dois artefactos. A capa da minha consorte esplêndida. A minha toga, com uma carreira de botões na frente até estava engraçada na sua simplicidade, só que, é verdade meus amigos, ficava-me pelos joelhos. O raio do homem havia tirado no pano o que eu julguei tirar-lhe no preço. De vez em quando e porque algumas vezes sigo a regra preguiçosa de pouco me levantar, ainda a levo ao Tribunal para me lembrar que o homem não é o bicho mais racional da natureza, mas sim o mais engraçado e o mais esperto.
Nunca sabemos ao certo o que a vida nos reserva, ou se calhar melhor, nunca temos verdadeira consciência de como a vida nos ensina.

A procura do contacto, o falar e ouvir é um alimento que vai escasseando. Andamos esfomeados de comunicação, não da social que nos mata, mas da individual, do diálogo vivo. Não é tanto pelo café que se pede, é muito mais pela companhia que se toca, pelas palavras e pelo olhar e mão que se estendem. Quem vai às compras gosta de regatear porque afinal poupa, mas muito mais porque pode falar e ouvir, acender uma chama que aquece. Ainda estava casado precisou a minha consorte de mandar fazer a sua capa de solicitadora. Estávamos no Porto, e talvez por vaidade, lembrei então que a minha toga precisava de reforma, ou quando muito, seria bom ter uma outra de reserva, aproveitando o facto de, por certo, duas encomendas iriam encher o magro bolso de lauto desconto. O alfaiate, mais parecia um empresário de sucesso, depois de eu lançar várias vezes a réplica da quantia que entendia justa, mais para mim do que para ele, confesso, pelo preço das duas peças, lá acedeu a tirar as medidas para a minha nova toga. Que fique bem, para ficarmos clientes, soltei ao mesmo tempo que apertava a mão grossa e pensante do meu novo amigo. Talvez um fato fosse a próxima encomenda enquanto sorria para aqueles olhos finos e sabedores. O pagamento, por ancestral norma da casa, deveria ser feito logo no início. O nome da casa, as instalações, o requinte e as mesuras, quebraram-me qualquer eventual suspeita, tanto mais que fiz questão de entregar cheque com o nome do portador bem legível. Eis então, passados uns meses, que são enviados pelo correio os dois artefactos. A capa da minha consorte esplêndida. A minha toga, com uma carreira de botões na frente até estava engraçada na sua simplicidade, só que, é verdade meus amigos, ficava-me pelos joelhos. O raio do homem havia tirado no pano o que eu julguei tirar-lhe no preço. De vez em quando e porque algumas vezes sigo a regra preguiçosa de pouco me levantar, ainda a levo ao Tribunal para me lembrar que o homem não é o bicho mais racional da natureza, mas sim o mais engraçado e o mais esperto.
Nunca sabemos ao certo o que a vida nos reserva, ou se calhar melhor, nunca temos verdadeira consciência de como a vida nos ensina.

Ler não prejudica a saúde

de João Sevivas

Propriedade Descrição
ISBN: 9789725915998
Editor: Editorial Minerva de Lisboa
Data de Lançamento: abril de 2005
Idioma: Português
Dimensões: 14,5 × 21 cm
Páginas: 112
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Outras Formas Literárias
EAN: 9789725915998
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável

SOBRE O AUTOR

João Sevivas

Advogado, licenciado em história da arte. Com livros publicados no país e estrangeiro nas áreas do direito, poesia, teatro, romance histórico e filosofia. Últimas obras: Poiesis 21. Vivencialismo, filosofia entusiástica para todos. Teatro 2020. Geraldo, o sem Pavor. Gualdim o Templário. Vímara Peres. Teatro 2019. Teatro 2018. Silêncio da água.

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