Laços de Família

Curso Breve de Literatura Brasileira - Volume 11

de Clarice Lispector

editor: Cotovia, abril de 2006
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CURSO BREVE DE LITERATURA BRASILEIRA é uma colecção de dezasseis volumes concebida para formar, no seu conjunto, uma selecta ou manual de estudo de acordo com um itinerário de leitura coerente e organizado. O critério primordial de selecção privilegia as obras que acrescentam a sabedoria literária ocidental, mas acolhe também aquelas que contribuíram decisivamente para dar à Literatura Brasileira a configuração própria enquanto literatura nacional autónoma. Optou por conjugar a edição autónoma e integral de obras indispensáveis com antologias de períodos, movimentos ou géneros. Procurou-se também privilegiar obras ou autores pouco conhecidos ou de todo desconhecidos em Portugal. Como em qualquer curso, todos os volumes incluem indicações bibliográficas. Será lançado um livro por mês, até Abril de 2006. Já nas livrarias, os primeiros três volumes.

"Laços de família é um dos mais extraordinários livros de contos escritos em língua portuguesa. [...] Situando-se numa zona de fronteira, a literatura de Clarice implica a exclusão de qualquer tipo de hierarquizações e propõe a instauração de um espaço de errância: não ser de nenhum lugar ou amplamente existir numa gravitação que é de todos os lugares"
Carlos Mendes de Sousa, no Posfácio

Laços de Família

Curso Breve de Literatura Brasileira - Volume 11

de Clarice Lispector

Propriedade Descrição
ISBN: 9789727951505
Editor: Cotovia
Data de Lançamento: abril de 2006
Idioma: Português
Dimensões: 129 x 204 x 12 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 160
Tipo de produto: Livro
Coleção: Curso Breve de Literatura Brasileira
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Outras Formas Literárias
EAN: 9789727951505
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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Cada conto uma família

Maria

Alguns dos contos de Clarice, onde não sabemos onde acaba a realidade e começa a ficção. É central o meio familiar, com os seus problemas banais, como vemos em "Feliz aniversário". Outros, absurdos e com um humor perspicaz, como o são "Uma galinha" e "A menor mulher do mundo".

Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu a 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia, então em vias de integração na URSS. Os pais eram judeus e o seu nome de batismo Chaya Lispector.
A família fora vítima dos pogroms, particularmente intensos a partir de dezembro de 1918. Foi para fugir à devastação da guerra civil que os Lispectors emigraram para o Brasil em 1922, fixando-se primeiro em Maceió e depois no Recife.
Clarice, nome adotado no Brasil, demonstrou um precoce interesse pelas palavras. Dava nomes aos azulejos, às canetas e lápis e inventava jogos de frases para a mãe, paralisada pela doença.
No Recife, Clarice ajudava a família dando explicações de Português e Matemática, roubava rosas e rodeava-se de gatos.
Desde o início, o seu estilo de escrita foi marcado por uma linguagem intimista e uma sintaxe excêntrica. Nos contos que enviava para o Diário de Pernambuco nunca iniciava as histórias por «Era uma vez...».
Foi nessa época que Clarice leu alguns dos autores qua a iriam influenciar, como Machado de Assis e Monteiro Lobato. O Lobo das Estepes, de Hermann Hesse, e Crime e Castigo, de Dostoievski, emocionaram-na.
Em 1933 decidiu ser escritora. «Quando conscientemente, aos treze anos de idade, tomei posse da vontade de escrever - eu escrevia quando era criança, mas não tomara posse de um destino - quando tomei posse da vontade de escrever, vi-me de repente num vácuo.»
A mãe de Clarice faleceu em 1930. Cinco anos depois, a família, em dificuldades económicas, deslocou-se para o Rio de Janeiro.
Depois de ter frequentado uma escola de bairro, Clarice foi admitida na Faculdade de Direito. Era então uma rapariga de cabelos claros, com uma pronúncia estranha e uma insólita beleza.
O pai, Pedro Lispector, faleceu em 1940, de uma banal operação à vesícula. Pouco depois, Clarice iniciou a sua atividade como jornalista na Agência Nacional, onde conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou e a quem tentou em vão "salvar" da homossexualidade.
Em março de 1942, sob a influência das leituras de Espinosa, Clarice começou a escrever Perto do Coração Selvagem. O livro, publicado em 1943, agitou a literatura brasileira, marcada pelo realismo de Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
É então que Clarice Lispector decide casar com um colega de faculdade, Maury Gurgel Valente. Como este seguia a sua carreira diplomática, Clarice deixa o Rio por duas décadas. Separa-se das duas irmãs, afasta-se dos escritores seus amigos e dos leitores. Conhece a monotonia da vida diplomática, primeiro em Nápoles, depois em Berna e Washington.
Clarice teve dois filhos nesse período de afastamento do Brasil. Foi para eles que escreveu livros como A Vída Íntima de Laura e A Mulher Que Matou os Peixes.
Em 1959, separa-se de Maury para poder regressar ao Rio. Continua «luminosa e inacessível» e conhece dificuldades financeiras, apesar de se ter tornado, depois de Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961) e A Paixão Segundo G. H. (1964), uma escritora de culto.
A fama chega-lhe através das crónicas do Jornal do Brasil. Mas esse é também um tempo de tragédia. Sofre graves queimaduras num incêndio do seu apartamento e a esquizofrenia do filho mais velho agrava-se.
«Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida», diz em Um Sopro de Vida, a sua última obra.
Dá a sua última entrevista para a televisão em fevereiro de 1977, já gravemente doente. Morre em dezembro desse ano na sua cidade, o Rio de Janeiro.

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