INSPIRAR
de Yara dos Santos
Sobre
o LivroHá muitos anos que me apercebi que nada na vida acontece por acaso. Tudo tem uma razão de ser, de acontecer e, parece-me, que tudo está interligado. Como se no mundo tudo fosse, ao fim e ao cabo, uma única coisa que se liga e interliga, afasta e aproxima, esvanece e resplandece, e nenhum elemento deixa de ter influência noutro, não importa que esteja na ilha da Brava ou em Longyearbyen. Talvez esta ideia não seja nada mais do que a minha convicção de que somos todos filhos de Deus.
Esta interligação dos seres e das coisas cada dia se torna mais visível e adopta vários nomes, por exemplo globalização, e é cada vez mais perceptível através das novas tecnologias. O avanço da ciência, também, aí está para nos demonstrar como um simples gesto de queimar lenha para cozinhar o almoço, influencia no aquecimento global. Quando vemos as imagens de mulheres e crianças subnutridas caminhando por terras totalmente secas em África, e que outrora era totalmente verdes, de imediato pensamos nas chaminés de fumo exaladas pelas indústrias americanas e chinesas. O aumento desenfreado da riqueza de uns provoca o aumento da pobreza de outros.
E se tudo está de alguma forma ligado, interligado, se tudo influencia e sofre a influência, a nossa responsabilidade no dia-a-dia é, então, maior. O que eu digo, ou mesmo, o que deixo de dizer, vai reflectir-se nalguma coisa, ou em alguém. Isso é demasiado nítido na América de Donald Trump que sabe se tiver uma insónia e resolver twitar, vai pôr meio mundo a ler e a decifrar as mensagens supostamente codificadas no seu tweet. No mundo de hoje, uma mensagem de um poderoso mundial, escrita, quiçá sem muito reflectir, mais provocada por uma azia nocturna, é capaz de fazer descer ou subir a bolsa de Nova Iorque, e faz capas de jornais, em todo o mundo, na manhã que se segue!
Mas há também os que mudam uma pessoa, a sociedade, destroem muros, estendem o abraço com um simples sorriso, com palavras sábias, com a força da convicção, com a sua autoridade moral.
Os que, sendo grandes, poderosos, se descalçam da sua riqueza material e na sua veste branca de humildade, singeleza e dignidade, tocam-nos e fazem-nos parar, escutar, reflectir sobre o que somos e o que verdadeiramente queremos ser.
E no meio destes extremos, estamos todos os outros. Que, naturalmente, também influenciamos, determinamos o curso da vida, da nossa e dos outros, fazemos sorrir ou matamos a esperança, ajudamos a subir ou rasteiramos, acreditamos ou vivemos em negação permanente.
Contar a nossa história com emoção, abrir aos outros o nosso mundo, relatar cada etapa de um percurso de uma vida que ainda promete muito, deixar que outros testemunhem é uma forma de ajudar quem deitar os olhos a esta obra a acreditar na força interior singular que existe em cada pessoa humana. A autora contagia-nos com a força do seu querer, com o orgulho que transmite pelo que faz, pela provocação de ousar.
Há mulheres que inspiram. Yara dos Santos é uma delas!