Entre Mim e a Minha Morte Há Ainda um Copo de Crepúsculo
de Egito Gonçalves
"Como aqueles homens-livros de Fahrenheit 451, Egito era uma espécie de homem-memória. Uma literatura ou, talvez antes, uma obra literária, tanto quanto uma pessoa. Todos nós, de alguma maneira, somos memória, memória nossa e memória alheia. Desse modo, muita da memória que eu sou é a memória de Egito, partilhada, mais ou menos ocasionalmente, ao longo de muitos anos e de muito esquecimento."
Manuel António Pina (do Prefácio)
"Um dia não estarei. Custa
escrever isto. A cidade ter-me-á
perdido, as coisas que chamei minhas
estarão dispersas,
algumas viverão ainda amadas
por quem amei. Penso nisso quando sei
que não subiria hoje as escadas
do Barredo. Nem sequer as da Vitória,
parando no patamar para um mergulho
na paisagem que o rio anima, o que
fiz tanta vez sem perder o fôlego.
Nem me proporia atravessar o Montemuro
para um cozido enxundioso na Gralheira.
Um dia não estarei. É o normal!
O meu lugar no café, o olhar
ausente da paisagem, deixarei
umas cartas, alguns inéditos
no Compaq (em tempos ficariam
na gaveta), coisas sem importância
que só para mim a teriam. Estarei
em lugar nenhum, serei um retrato
na parede e não haverá lugar
para qualquer dor, ó Drummond!"
ISBN: | 9789896250324 |
Editor: | Campo das Letras |
Ano: | 2006 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 135 x 208 x 18 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 80 |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Campo da Poesia |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Poesia |
EAN: | 9789896250324 |
Idade Mínima Recomendada: | Não aplicável |