Contos Canhotos Livro
Pizzarelli na danceteria e outras histórias
de Fernando Marques
Sobre
o Livro'Eu sou muito infeliz', é o que diz Michele Beijochon. Um travesti. Um dos personagens deste livro. Marcante. Histórias que vão comendo pelas beiradas. Movediças. Breves e bem escritas. Voltemos à infelicidade. Que mora, por acaso, na cidade de Brasília. O autor é carioca. E faz tempo que sobrevivelá. Que sabe de cada esquina, viaduto. Automóvel. Aliás, como tem carros em Brasília! Neles, pegamos carona. Em cada conto e canto, viajamos nas mesmas solidões, direções sem direções. Stop. A vida parou ou foi o automóvel?, diria Drummond. Fernando Marques sabe nos guiar. Fina e melancolicamente. Devagar. Pontuações precisas, diálogos certeiros.Arrancados do teatro (ele também é dramaturgo). Ouve bem os ruídos da rua, os gritos das casas, das famílias asfixiadas. Da população que transita na vida, à mercê. Na mão do poder. É perigoso viver. Ou, como diz o Padre Antônio Vieira, citado em epígrafe, uma coisa é viver, outra durar. É terminar de ler estes Contos canhotos e se perguntar pela saída. Talvez a do humor, que também aparece no livro?Onde o horizonte? Embora grande, o céu da capital federal, etc. e tal, não está ao nosso alcance. Como bem escreveu o poeta Nicolas Behr, outro imigrante que, feito Fernando, conseguiu construir um olhar agudo e peculiar sobre Brasília: A cidade é isso mesmo que você está vendo mesmo que você não esteja vendo nada. E vemos. E, mais do que isto, sentimos. Linha a linha, eixo por eixo, quadra a quadra, de cabo a rabo, por um triz todo um país.Igualmente, querida Michele: infeliz, infeliz, infeliz.Marcelino Freire - Autor, entre outros, de Rasif - mar que arrebenta