Beatriz de Nazaré
Sete Maneiras de Amor Sagrado | Uan Seuen Manieren Van Heileger Minnen
de Joana Serrado, Maria Pinho e
Sobre
o LivroBeatriz de Nazaré (1200-1268), prioresa cisterciense flamenga e baluarte do pensamento das Beguinas, é também autora de Sete maneiras de amor sagrado, o tratado poético que se inclui neste volume, precedido de três estudos introdutórios. Beatriz de Nazaré, como Hadewijch de Brabante (c. 1200), Matilde de Magdeburgo (c. 1207-1282) e Margarida Porete (1250-1310), são autoras que, a despeito de se encontrarem reconhecidas nas histórias da mística, têm vindo a manter-se um tanto distantes do panorama filosófico, sobretudo no que à língua portuguesa concerne.
Traduzir estas autoras pretende motivar uma reflexão contemporânea sobre o legado histórico feminino e místico na filosofia medieval, legado esse consubstanciado numa rede literária singular bem como num pensamento original, o qual provisoriamente podemos intitular de filosofia das Beguinas. Sete maneiras de amor sagrado descreve e compreende as várias maneiras de Minnen, sobretudo entendidas como processos interiores marcados pelo desejo, que se manifestam na alma que se prepara para a entrega total ao amor divino.
Com este curto mas intenso texto de cerca de quatro mil palavras, Beatriz viria a marcar futuras gerações renanas, nas quais se destacam, para além das Beguinas atrás referidas, pensadores canónicos como Mestre Eckhart (1260-1327) e João Ruusbroec (1293-1381). Este volume pretende também contribuir para a discussão dos limites do cânone filosófico medieval, alargando-o a textos de autoria feminina e não escolásticos.
Uma questão: não terá o período Medieval, fornecido pelos seus místicos - o exemplo máximo será dado por Mestre Eckhart - o que o mundo ocidental terá procurado nas religiões orientais ao longo dos últimos séculos como meio de se meditar e no fim último de se purificar e atingir o pleno? Creio que esta obra, exposição do excelente labor de investigação e propagação da prioresa Beatriz da Nazaré por parte do Gabinete de Filosofia Medieval é prova disso mesmo. As suas "sete maneiras" são sete pérolas, sete homenagens à entrega desproporcionada ao Amante, ao Amado, ao Amor divino. Pela novidade, beleza dos textos, estudos intrudotórios e outras informações complementares recomendo.