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Até Serem Homens

de Thomas Brussing

editor: AMBAR, abril de 2002
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Um treinador tem de ser capaz de gritar, senão nem vale a pena começar. Aliás, eu cá não grito. Parece que grito, mas na realidade penso, isto é, penso apaixonadamente. O gritar sai-me de forma espontânea, não preciso sequer de me esforçar. Os outros treinadores limitam-se a olhar e dizem qualquer coisa de dez em dez minutos, dos quais cinco são ocupados a pensar como é que vão dizer as coisas - comigo, não.

Os meus jogadores sabem o que penso, ao meu mais pequeno trejeito, apenas através de ondas cerebrais, num par de milissegundos - qualquer psicólogo ou algo do género pode-o confirmar! - Inspirar e, à velocidade do som, a notícia chega aos jogadores, a trezentos e quarenta metros por segundo. Calculemos: o mais tardar em zero vírgula três segundos. No Inverno, até chega mais depressa, porque o som no Inverno, é o que lhes pode certificar qualquer técnico de som ou físico. Um par de milissegundos mais tarde, o jogador já entendeu a minha mensagem e sabe o que tem a fazer.

E cá entre nós - este é mesmo o único caminho. Quando os jogadores entram em campo e sabem que estão muitas coisas em jogo, então têm medo. São os mais profundos instintos primitivos. Têm medo de errar, adversário desconhecido e, ainda para mais, têm de se lhe opor com os seus imaculados ossos. É lógico que precisam de alguém que lhes diga o que devem fazer. Uma indicação precisa funciona como a salvação. Vou dar-lhes um exemplo de como um jogador precisa de indicações claras. Uma vez disse, muito calmamente, a um jogador para apertar as chuteiras. As chuteiras estavam apertadas. E que faz ele? Põe-se de cócoras, em pleno campo, e aperta os atacadores. Esteve um minuto inteiro fora de combate. Mas agora é que vem o engraçado: ele pertencia à equipa contrária. Faltava-lhe pura e simplesmente uma indicação clara, que acabou por receber de mim. Mas isto só funciona se o outro treinador não é dos que berram para dentro do campo, mas que o fazem no balneário. Porque tem medo de ser visto como um palhaço.

Eu cá grito em campo. Bem, não grito, penso, penso, apaixonadamente, penso e oriento. O estratego junto à linha. O Júlio César da linha lateral. Se durante um jogo, de repente, eu pensar, de forma apaixonada, o que os jogadores devem fazer - os jogadores cumprem, porque VOCÊ é o treinador. Não menosprezemos os sentimentos, não os menosprezemos. O que penso, aquilo que penso apaixonadamente, berra, acontece! normal Não os menosprezemos.

Aquele da história das chuteiras era o Heiko. Tinha nove anos, naquela altura. Enquanto apertava os atacadores, os meus marcaram um golo. Fartou-se de chorar, o Heiko. Aí tive pena, claro - quando um adulto diz qualquer coisa a um rapaz de nove anos, ele não sabe distinguir. O treinador do Heiko fartou-se de ralhar com ele: és uma menina ou pra qu' é que'stás a chorar? Então, lá fui eu confortar o Heiko. Não sou nenhum bárbaro. E como ele continuava a chorar e não conseguia parar, comentei-lhe que ele era um jogador excepcional, igual ao Jürgen Sparwasser, que ele teria sempre um lugar na minha equipa. Aí, o Heiko parou de chorar e veio para a minha equipa. Logo. Até já se mudou no meu balneário, a seguir ao jogo e tudo. Era como se tivesse sido adoptado. Cá para mim, decorei o truque dos atacadores, para mais tarde. Aplicado a crianças, não é arte nenhuma. Mas também funciona com homens! Indicações claras para dentro do campo, são a salvação.

Um treinador tem de ser capaz de gritar, senão nem vale a pena começar. Aliás, eu cá não grito. Parece que grito, mas na realidade penso, isto é, penso apaixonadamente. O gritar sai-me de forma espontânea, não preciso sequer de me esforçar. Os outros treinadores limitam-se a olhar e dizem qualquer coisa de dez em dez minutos, dos quais cinco são ocupados a pensar como é que vão dizer as coisas - comigo, não.

Os meus jogadores sabem o que penso, ao meu mais pequeno trejeito, apenas através de ondas cerebrais, num par de milissegundos - qualquer psicólogo ou algo do género pode-o confirmar! - Inspirar e, à velocidade do som, a notícia chega aos jogadores, a trezentos e quarenta metros por segundo. Calculemos: o mais tardar em zero vírgula três segundos. No Inverno, até chega mais depressa, porque o som no Inverno, é o que lhes pode certificar qualquer técnico de som ou físico. Um par de milissegundos mais tarde, o jogador já entendeu a minha mensagem e sabe o que tem a fazer.

E cá entre nós - este é mesmo o único caminho. Quando os jogadores entram em campo e sabem que estão muitas coisas em jogo, então têm medo. São os mais profundos instintos primitivos. Têm medo de errar, adversário desconhecido e, ainda para mais, têm de se lhe opor com os seus imaculados ossos. É lógico que precisam de alguém que lhes diga o que devem fazer. Uma indicação precisa funciona como a salvação. Vou dar-lhes um exemplo de como um jogador precisa de indicações claras. Uma vez disse, muito calmamente, a um jogador para apertar as chuteiras. As chuteiras estavam apertadas. E que faz ele? Põe-se de cócoras, em pleno campo, e aperta os atacadores. Esteve um minuto inteiro fora de combate. Mas agora é que vem o engraçado: ele pertencia à equipa contrária. Faltava-lhe pura e simplesmente uma indicação clara, que acabou por receber de mim. Mas isto só funciona se o outro treinador não é dos que berram para dentro do campo, mas que o fazem no balneário. Porque tem medo de ser visto como um palhaço.

Eu cá grito em campo. Bem, não grito, penso, penso, apaixonadamente, penso e oriento. O estratego junto à linha. O Júlio César da linha lateral. Se durante um jogo, de repente, eu pensar, de forma apaixonada, o que os jogadores devem fazer - os jogadores cumprem, porque VOCÊ é o treinador. Não menosprezemos os sentimentos, não os menosprezemos. O que penso, aquilo que penso apaixonadamente, berra, acontece! normal Não os menosprezemos.

Aquele da história das chuteiras era o Heiko. Tinha nove anos, naquela altura. Enquanto apertava os atacadores, os meus marcaram um golo. Fartou-se de chorar, o Heiko. Aí tive pena, claro - quando um adulto diz qualquer coisa a um rapaz de nove anos, ele não sabe distinguir. O treinador do Heiko fartou-se de ralhar com ele: és uma menina ou pra qu' é que'stás a chorar? Então, lá fui eu confortar o Heiko. Não sou nenhum bárbaro. E como ele continuava a chorar e não conseguia parar, comentei-lhe que ele era um jogador excepcional, igual ao Jürgen Sparwasser, que ele teria sempre um lugar na minha equipa. Aí, o Heiko parou de chorar e veio para a minha equipa. Logo. Até já se mudou no meu balneário, a seguir ao jogo e tudo. Era como se tivesse sido adoptado. Cá para mim, decorei o truque dos atacadores, para mais tarde. Aplicado a crianças, não é arte nenhuma. Mas também funciona com homens! Indicações claras para dentro do campo, são a salvação.

Até Serem Homens

de Thomas Brussing

Propriedade Descrição
ISBN: 9789724305875
Editor: AMBAR
Data de Lançamento: abril de 2002
Idioma: Português
Dimensões: 131 x 190 x 6 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 80
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Infantis e Juvenis > Literatura Juvenil
EAN: 9789724305875
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável