Antropologia da Maldade
de Valter F. Machado
Sobre
o Livro«A escuridão proliferou majestosa, dona e senhora, por meio de uma nuvem tão negra como os confins do universo e que engolira o sol até extinguir a sua presença. Carregada de maus presságios… Até que surgiu uma lua cheia de sangue estonteante, que se expandia progressivamente por todo o céu até onde a sua visão alcançasse; sem a luminosidade que o cegara era-lhe agora possível vislumbrar nitidamente pela primeira vez, com os seus longos cabelos morenos e lisos espalhados pelas costas expostas pelo vestido púrpura, presente que ele oferecera juntamente com a aliança de noivado quando pedira a sua mão em casamento. Ele esticou o braço para a alcançar, mas numa tentativa vã…
O movimento dos ombros de Maka foi lento, mas gracioso, o suficiente para ele sentir palpitações no coração, o desejo de vislumbre da sua amada impeli-o a avançar para os seus braços, carente do seu beijo… Somente amainado pela luxúria de ver aquele corpo lindo em movimento, gracioso e pu… pútrido.
A visão à sua frente e que o encarava era horrível… Sem descrição possível, pois a mulher da sua vida encontrava-se em avançado estado de decomposição, efeméride da desgraça carnal e que se afigurava como o tanto na vida, como na doença, como na morte»