A Profecia
(2ª Edição)
de António Costeira
Sobre
o LivroNascidos em duas pequenas localidades, situadas em lados opostos das mágicas e frias montanhas do Norte, as Montanhas do Urso, dois jovens são unidos por uma grande amizade, fortalecida por anos de convivência no colégio de Nuria. Cada um à sua maneira, sentem um apelo inexplicável pela vida nas florestas da Montanha, que é tema de conversa sempre que regressam de férias. Não desconfiavam ainda que um destino diferente, fadado por uma Profecia milenar, era a causa de tamanha atração.
Num passado muito distante, a harmonia da vida trazida à terra pela benevolência dos deuses sob a forma do Livro das Runas, é posta em causa quando a soberba de Davdak, meio homem, meio elfo, exige o Livro só para si. Com o equilíbrio da natureza alterado, e o Livro Sagrado perdido, uma catastrófica ira da natureza e dos deuses envia Naur’Can, a bela capital de Alagosadhar, para as profundezas das areias do deserto, provocando o êxodo do povo para sul em busca do restabelecimento perdido.
Para trás, ficam centenas de anos de existência próspera e pacífica, mas também a esperança, fundamentada numa Profecia que Angolon, o mais sábio dos Dragões, forjou:
«O inverno do mundo será longo. Um dia o Livro abrir-se-á e de um futuro distante virá o Guerreiro que o beijo dos deuses abençoou. Juntos trarão o equilíbrio perdido em Naur’Can»
Angolon ofereceu à humanidade três ovos de Dragão: um para os elfos, um para os Anões, e outro ainda para os homens. Astrid, a sábia maga que durante anos soubera dar bom uso aos ensinamentos do Livro das Runas, soube também distribuir os mágicos ovos de Dragão pelos três povos, juntamente com a Profecia para a qual todos se deviam preparar.
Mas Davdak não desistira ainda de recuperar o Livro das Runas e acrescentara à sua ambição, como vingança do exílio a que fora votado, o domínio absoluto de todos os povos. Depois de centenas de anos a preparar-se, encontrou no reino dos homens terreno fértil e o momento ideal para retomar a sua ambição, fazendo despertar a Profecia.
De cada lado das Montanhas do Urso, a magia que delas emanava desde tempos remotos, transformou as férias dos dois jovens estudantes e amigos, chamando-os a intervir no epílogo da ancestral Profecia.
A Profecia encantou-me pelo tema mágico e apresentação esbelta. As personagens seculares, magias antigas e criaturas ancestrais são uma pequena parte do que existe neste mundo mítico. Nele, António Costeiro escreveu uma realidade fantástica, com descrições cativantes e personagens que desafiam o próprio tempo, presenteando-nos com um elenco notável e peculiar. Nas primeiras páginas, surge-me a sensação de ser semelhante a outros títulos do tema, ideia a qual é rapidamente dissimulada pelo avançar do enredo. O cenário gira em volta da profecia, como o título indica, que é muito bem aprofundada ao longo da obra, deixando, nas últimas páginas, o cheirinho de "algo ainda por vir". Houve uma personagem com quem simpatizei bastante, a Astrid, Maga Suprema de Algosaghar, uma das entidades seculares e mais experientes que tive o prazer de conhecer. Todos os seus atos refletem sapiência, paciência e humildade, algo nem sempre fácil de retratar e consolidar numa personagem com um passado. O escritor tem, indubitavelmente, uma escrita cativante, acompanhada de poucas vírgulas e dum aglomerado de pormenores e sensações. Ganhei afeição por uma pequena terra, a Pedra do Urso, e pelos seus habitantes, diversos e comedidos, que acabam por nos acompanhar durante uma boa parte do livro, ao mesmo tempo que Astrid planeia algo mais....num cenário que é tudo, menos monótono e pacífico. A Profecia é a obra ideal para nos acompanhar num fim de tarde solarengo. Tem um mundo mais que apetecível para os amantes de ação e fantasia. Possui as suas tramas e dilemas, com um toque de tranquilidade, que induz o leitor numa paz de espírito agradável (daí eu ter gostado tanto da Pedra do Urso).