A Luz do Pessegueiro
de Hugo Santos
"Quer ouvir-se a si mesma, ecoar-se toda nessa súbita voz prestes a proclamá-la, retê-la um momento mais, deixá-la abeirar e retroceder do abismo, recapturá-la depois, aproximá-la da boca, torneá-la com a língua, adoçá-la, chamar-se a si mesma com a voz do homem, respirá-lo tão intensamente que sinta o seu cheiro todo e se cheire nele, antes que tudo se declare nessa luz que, vinda da água clara dos seus olhos, a retrate, a cegue, a exclua ou, melhor, a recupere para a exclusão de si na anunciação, irrefreável, dele, o homem, o amante, o risco assumido nesse sótão de Campoamor, de cuja janela se vislumbra um pessegueiro velho e a muralha por detrás, pontilhada de asas, e longe, num naco de planície, a mancha verde e nublada dum renque de sobreiros - ah, e o precursor som da música, de Vivaldi ainda, a reapoderar-se e a ajustar-se por inteiro a cada um dos movimentos dele e dela, na sinfonia imparável dos rios que chegam."
Propriedade | Descrição |
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ISBN: | 9789726104810 |
Editor: | Campo das Letras |
Data de Lançamento: | dezembro de 2001 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 134 x 206 x 17 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 128 |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Instantes de Leitura |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Romance |
EAN: | 9789726104810 |