A Filha do Pântano

Este é um bom thriller, inquestionavelmente. Começa no presente, onde Helena já é adulta, casada e mãe de duas meninas, mas é o passado de Helena que dá toda uma perspetiva a esta história, já que ela é fruto de um rapto e viveu com o pai, o raptor, e a mãe, outrora adolescente raptada e mantida em cativeiro, numa cabana no meio do pântano, sem luz, água ou aquecimento. Helena viveu nesse mundo até aos 12 anos, sem saber a história por detrás do seu nascimento e sem sonhar que havia outra forma de viver, altura em que contacta pela primeira vez com outro ser humano, além dos pais. A narrativa é feita por Helena, alternando entre presente e passado. Presente esse em que, o seu pai, preso há 14 anos, mata dois guardas e foge da cadeia e Helena entende que é a única que conhece o pântano tão bem quanto ele e por isso, capaz de o apanhar. Nas várias referências ao passado ficamos a conhecer melhor as vivências de Helena e a suas lembranças de infância, tendo uma perspetiva mais real e vivida do que efetivamente foi a sua vida nessa altura. Até que Helena descobre o segredo do seu nascimento e tudo o que isso representou, praticamente idolatra o pai e as suas capacidades enquanto caçador, pescador e rei do pântano. Nesta caça ao homem e ao mesmo tempo que vamos ficando a conhecer melhor o tipo de pessoa que o seu pai foi, pelas inúmeras histórias que Helena vai recordando, é impossível não temer o pior e esperar que o caçador, neste caso Helena, se transforme em caça. Numa escrita extremamente fluida e com tantas e variadas informações sobre os hábitos de caça, subsistência e sobrevivência, foi necessária uma extrema habilidade da autora, para que não se tornasse num relato enfadonho e quebrasse o interesse. E ela teve-a.