A Alegria do Mal
Obra Poética I 1979-2004
SINOPSE
CRÍTICAS DE IMPRENSA
"Esta [é uma] poesia exigente, excêntrica e decididamente radical. A selecção, precedida
de um completíssimo estudo de Luís Adriano Carlos, inclui textos escritos
entre 1979 e 2004 e inéditos.
Esta é uma poética complexa e agreste, mas quase sempre fascinante : 'Arrasto
a bula do Orgulho, empalhado em golilha, andas, espantalho / A andar, /
Leques aveludados e franjas, alforjes, narizalforje, / Doirados e tecidos
lustrosos, estampados e / Barretes andinos e ginetes dançarinos (de Lully).
/ As charolas da fidalguia, esses cavalos enganosos / Num casario
empenachado em mil sóis, pó, / E tambores martelando nas penas do fogoso
pavão resplandecente de orquídeas de ar, vítreas, nas ruínas da Terra, com
água / Açoutada, por mastim, ou coisa afim, privada' (pág. 295). Barroca,
opulenta, excessiva, esta poesia vive num imaginário que revisita certos
autores de um cânone extremo mas também elabora um universo pessoal de
referências e mitologias. Há uma tradição portuguesa convocada (vagamente
Bocage, muito Gomes Leal, algum Mário Cláudio, algum Nava), mas sobretudo
uma presença estrangeira de cunho maligno (Milton, Rabelais, Sade,
Klossowski, Bataille, Lacan). Embora o poeta não se esgote nesta genealogia
(aparece por exemplo um mago do verbo como Hopkins), é nessa tendência que
mais entronca a sua escrita. Daí a alusão ao mal e a uma paradoxal alegria
do mal. Penso, contudo, que seria errado ver nestes poemas somente um
predomínio do satânico. O satânico aparece assim tão visível por causa de
uma aproximação invulgarmente empenhada ao divino. Há aqui uma 'rhetorica
christiana' (título de uma sequência) que preside às constantes
representações e dramatizações que estruturam o volume. É uma retórica
negra, transgressora, com uma fortíssima componente obscena, por vezes em
tom arcaico (ânus, cono, pisso, esperma), mas que noutros casos ascende ou
desce também ao escatológico (urina, cuspo, excrementos, intestinos). Esse
'léxico imundo' tem nalguns momentos um tom apocalíptico só possível num
poeta de matriz católica. Não é a crença pessoal que nos importa, mas essa
presença obsessiva do sagrado sem o qual tanta pertinaz pregação decaída não
se compreende."
Pedro Mexia, Diário de Notícias
DETALHES
Propriedade | Descrição |
---|---|
ISBN: | 9789895520671 |
Editor: | Quasi Edições |
Data de Lançamento: | abril de 2004 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 156 x 235 x 59 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 336 |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Finita Melancolia |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Poesia |
EAN: | 9789895520671 |
Idade Mínima Recomendada: | Não aplicável |
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