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Água Viva eBook

de Clarice Lispector

Livro eBook
editor: Companhia das Letras, janeiro de 2025
«Na minha noite idolatro o sentido secreto do mundo. Boca e língua. E um cavalo solto de uma força livre. Guardo-lhe o casco em amoroso fetichismo. Na minha funda noite sopra um louco vento que me traz fiapos de gritos. Estou sentindo o martírio de uma inoportuna sensualidade. De madrugada acordo cheia de frutos. Quem virá colher os frutos de minha vida?»

Revisitação de pontos centrais no universo literário de Clarice Lispector, Água viva é pura incandescência da inventividade e da linguagem. Uma enigmática voz feminina - toda audácia, delírio e sedução - conduz a narrativa. Esta mulher, cujo nome não sabemos, deseja mudar de ofício e tornar-se escritora. Ela é um eu que reivindica a ocupação de um espaço e de um tempo, que se dirige a um tu misterioso e que propõe o ousado alinhamento de humanos e bichos, natureza e linguagem, rumo ao centro da vida, que Clarice perseguiu em todas as suas obras.

Contestando limites e sem cedências à convenção, este livro inaugura um espaço partilhado entre quem escreve e quem lê: nesta mulher, na sua inquietação ou na sua letargia, nas suas fraturas ou nas suas pulsões, reconhecemos uma humanidade em estado bruto. O tom fragmentário é contrariado por uma cadência de demandas e reflexões tão profundamente individuais como peremptoriamente universais. Um livro desconcertante, que oferece uma hipótese de fusão entre escrita e leitura, forma e tema, corpo e pensamento: radicalmente inovador, ao suspender as fórmulas de representação romanesca, e irresistivelmente transgressor, na exposição das costuras da ficção e da voz lírica.

Água viva é um triunfo de Clarice Lispector, que aqui ensaia uma nova escrita de si e do mundo.

Água Viva

de Clarice Lispector

Propriedade Descrição
ISBN: 9789895836949
Editor: Companhia das Letras
Data de Lançamento: janeiro de 2025
Idioma: Português
Páginas: 112
Tipo de produto: eBook
Formato e Compatibilidade:
Classificação temática: eBooks em Português > Literatura > Ficção
EAN: 9789895836949
Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu a 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia, então em vias de integração na URSS. Os pais eram judeus e o seu nome de batismo Chaya Lispector.
A família fora vítima dos pogroms, particularmente intensos a partir de dezembro de 1918. Foi para fugir à devastação da guerra civil que os Lispectors emigraram para o Brasil em 1922, fixando-se primeiro em Maceió e depois no Recife.
Clarice, nome adotado no Brasil, demonstrou um precoce interesse pelas palavras. Dava nomes aos azulejos, às canetas e lápis e inventava jogos de frases para a mãe, paralisada pela doença.
No Recife, Clarice ajudava a família dando explicações de Português e Matemática, roubava rosas e rodeava-se de gatos.
Desde o início, o seu estilo de escrita foi marcado por uma linguagem intimista e uma sintaxe excêntrica. Nos contos que enviava para o Diário de Pernambuco nunca iniciava as histórias por «Era uma vez...».
Foi nessa época que Clarice leu alguns dos autores qua a iriam influenciar, como Machado de Assis e Monteiro Lobato. O Lobo das Estepes, de Hermann Hesse, e Crime e Castigo, de Dostoievski, emocionaram-na.
Em 1933 decidiu ser escritora. «Quando conscientemente, aos treze anos de idade, tomei posse da vontade de escrever - eu escrevia quando era criança, mas não tomara posse de um destino - quando tomei posse da vontade de escrever, vi-me de repente num vácuo.»
A mãe de Clarice faleceu em 1930. Cinco anos depois, a família, em dificuldades económicas, deslocou-se para o Rio de Janeiro.
Depois de ter frequentado uma escola de bairro, Clarice foi admitida na Faculdade de Direito. Era então uma rapariga de cabelos claros, com uma pronúncia estranha e uma insólita beleza.
O pai, Pedro Lispector, faleceu em 1940, de uma banal operação à vesícula. Pouco depois, Clarice iniciou a sua atividade como jornalista na Agência Nacional, onde conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou e a quem tentou em vão "salvar" da homossexualidade.
Em março de 1942, sob a influência das leituras de Espinosa, Clarice começou a escrever Perto do Coração Selvagem. O livro, publicado em 1943, agitou a literatura brasileira, marcada pelo realismo de Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
É então que Clarice Lispector decide casar com um colega de faculdade, Maury Gurgel Valente. Como este seguia a sua carreira diplomática, Clarice deixa o Rio por duas décadas. Separa-se das duas irmãs, afasta-se dos escritores seus amigos e dos leitores. Conhece a monotonia da vida diplomática, primeiro em Nápoles, depois em Berna e Washington.
Clarice teve dois filhos nesse período de afastamento do Brasil. Foi para eles que escreveu livros como A Vída Íntima de Laura e A Mulher Que Matou os Peixes.
Em 1959, separa-se de Maury para poder regressar ao Rio. Continua «luminosa e inacessível» e conhece dificuldades financeiras, apesar de se ter tornado, depois de Laços de Família (1960), A Maçã no Escuro (1961) e A Paixão Segundo G. H. (1964), uma escritora de culto.
A fama chega-lhe através das crónicas do Jornal do Brasil. Mas esse é também um tempo de tragédia. Sofre graves queimaduras num incêndio do seu apartamento e a esquizofrenia do filho mais velho agrava-se.
«Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida», diz em Um Sopro de Vida, a sua última obra.
Dá a sua última entrevista para a televisão em fevereiro de 1977, já gravemente doente. Morre em dezembro desse ano na sua cidade, o Rio de Janeiro.

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