Comecemos já a preparar as compras de Natal

Por Ana Bárbara Pedrosa
11 de novembro de 2024
É uma prenda que nunca falha. Por muitos livros que se tenha, nunca se tem todos – ou sequer suficientes. E quantos mais se tem mais se quer ter. O Natal é a alegria do comércio livreiro e dos carpinteiros que montam estantes.
O INFINITO NUM JUNCO
Já existia em prosa, e agora vem em banda desenhada. Há de surpreender ler um ensaio neste formato. Eu, pelo menos, nunca tinha lido nenhum. Vallejo já tinha surpreendido quando escrevera o livro, que, pela sua paixão aos livros, surpreendera os leitores apaixonados – milhares de nós pelo mundo. Ora, como a prosa pega em assuntos vários, e longínquos, como os campos de batalha de Alexandre, o Grande, ou os palácios de Cleópatra, a adaptação é rica em termos gráficos, um festim para quem gosta de ver a vida a acontecer. E, para quem adora livros, não há como não adorar ver as primeiras livrarias, além de ler sobre elas – ou de se assustar com livros queimados ou bibliotecas bombardeadas. Perdoe-se a comoção de uma leitora compulsiva: não há como ler isto sem sentir que se abraça um amigo.

UM PRESENTE MONSTRUOSO
Ora, sendo Natal e estando nós a falar de presentes, que tal este presente monstruoso? Se tem monstros, já se sabe, é divertido – e a Noite Mundial do Terror tem mais graça do que medo, ainda que sirva para a reunião, num lugar escondido, das nove personagens mais malvadas do mundo. Quem me dera ter sido convidada. Há uma bruxa, há um trol, há de tudo. Cada um a fazer de Voldemort. Até há, pasme-se com a ousadia, fornos onde meter crianças... Enfim, como as crianças que lerem sabem que isto não sai do livro, não chega a assustar a sério. Sobretudo, ao lerem o livro, e ao chegarem ao último embrulho, sem a certeza do que lá está, podem divertir-se com um conjunto de personagens que, mesmo sendo malvadas, são fofas. E o melhor de tudo é serem feitas de papel.
OS TERRÍVEIS MALVADOS
Já se viu que gosto de coisas que fingem que são perigosas. Estes malvados, embora terríveis, são adoráveis, o que faz com que, mesmo malvados, não sejam assim tão terríveis. Pelo menos, dá gosto lê-los. Este livro é dos criadores do Grufalão, boneco também ele engraçadíssimo: o Grufalão é apresentado como um monstro grande e perigoso, mas, por via da palavra, é afinal o mais inofensivo dos bichos que acaba por parecer monstruoso. Aqui, joga-se com a mesma brincadeira, com um trol, um fantasma e uma bruxa. Não só são mauzões como ainda se gabam disso. Fazem mesmo cara de zangados, o que não nos impede de os acharmos super fofos. É que, verdade seja dita, estamos protegidos pela distância entre os olhos e o papel. É muito divertido, e aquele fantasma com grilhões faz lembrar o de Dickens. Dá para começar por aqui e, quando as crianças crescerem mais um bocado, oferece-se outro livro.
O LADRÃO DE NEVE
Em Portugal, nem todos temos a sorte de ter neve, razão pela qual nos refugiamos em filmes natalícios com paisagens brancas, gorros e chávenas de chocolate quente. Aqui, temos um esquilo que tem a sorte de viver entre o gelo, mas fica confuso com aquela coisa branca e fria a cobrir o chão. E, ainda por cima, não percebe para onde foram as suas avelãs. Baralhado com as estações, o esquilo diverte os leitores, preocupado – como qualquer um de nós estaria – com o destino dos frutos secos que, nos nossos Natais, servem para fazer Ferrero Rocher.
LÁ VAMOS NÓS NUMA CAÇA AOS FANTASMAS
Este não é bom para ler antes de dormir, porque puxa demasiado a ação. Mas é bom para acordar, estimular e divertir. Para caçar fantasmas, não é preciso o perigo de uma mansão abandonada – basta este livro. É que os livros, ao contrário do que possa parecer, não implicam um leitor quietinho e uma história despejada em cima dele. O leitor faz parte da ação, a leitura faz parte do livro. E, no caso, só a leitura e a procura dão sentido ao livro. À medida que folheia este, o leitor tem de cumprir o seu papel, juntando-se aos coelhos para encontrar cinco fantasmas escondidos. Pelo meio, há alguns sustos, mas que ninguém se apoquente: são daqueles sustos que nunca fazem mal.
O URSO QUE NÃO CONSEGUIA DORMIR
Coitadinho do urso. Volta e meia, há noites assim: gruta confortável, barriga cheia de comida, mas insónia, insónia. Ou, noutra versão: berço confortável, barriga cheia de leite, e nada de dormir. Por vezes, quanto mais se quer, mais difícil é. E a irritação ainda vem matar o sono. Os pequenos leitores poderão ter esta certeza: não é só com eles que isto acontece. Acontece com outros pequenos leitores e com os ursinhos fofos dos livros. No livro, os amigos da floresta lá tentam ajudar o urso. Em casa, já se sabe como é: há sempre um embalo de alguém a meter o bebé num sono encantado, encantador. E esta história pode bem servir para acalmar o corpo, vendo também os desenhos antes de sonhar com eles.

Livros relacionados

Wook está a dar

Subscreva!