Os livros também têm estações? – Primavera e verão
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23 de abril de 2025
Há histórias que florescem como a primavera, outras que ardem como o verão, que caem como folhas no outono ou que se recolhem no silêncio do inverno.
Esta é uma viagem literária pelas quatro estações da alma – porque nem todos os livros se leem da mesma forma o ano inteiro, e alguns só revelam a sua plenitude quando escolhidos no tempo certo. Começamos, esta semana, com a primavera e o verão.
Esta é uma viagem literária pelas quatro estações da alma – porque nem todos os livros se leem da mesma forma o ano inteiro, e alguns só revelam a sua plenitude quando escolhidos no tempo certo. Começamos, esta semana, com a primavera e o verão.
Primavera – livros de renascimento, recomeços, romance
O Período é Fixe – Aprende como funciona, de Anna Salvia
A primeira menstruação é mais do que um acontecimento biológico — é o início de uma nova forma de habitar o próprio corpo. Recentemente, ofereci este livro à minha filha, que fará 12 anos em julho. Foi uma escolha com significado, feita com o coração. Porque a primeira menstruação não é apenas uma mudança física – é um marco, um rito de passagem que transforma para sempre a forma como uma rapariga se vê e se sente no mundo.
Este livro explica de forma clara, honesta e acolhedora tudo o que uma menina precisa de saber quando o seu corpo começa a falar de outra maneira. Explora os ciclos, as emoções, o autocuidado e o poder pessoal. Mais do que um manual, é um abraço em forma de páginas; um guia prático e afetuoso, pensado para ajudar as raparigas a viverem esta nova fase com confiança, naturalidade e orgulho. Porque o período é uma parte bonita (e poderosa!) de ser mulher — e quanto mais cedo o compreendermos, melhor cuidamos de nós. Um livro essencial para todas as mães, filhas, irmãs e cuidadoras que acreditam que falar sobre o corpo com verdade e empatia é um gesto de amor.
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E Três Maçãs Caíram do Céu, de Nariné Abgaryan
Entre a tragédia e a ternura, há uma aldeia chamada Maran. Numa casa esquecida pelo tempo, aninhada nas montanhas da Arménia, Anatólia deita-se para morrer. Não por desespero, mas por convicção. Depois de uma vida longa – sem filhos, com um casamento sem amor e uma biblioteca que foi o seu único abrigo –, acredita que chegou o fim. E espera-o em silêncio. Mas a morte, tal como a vida, às vezes falha os planos. E é Vassíli, o vizinho, quem bate à porta com uma proposta inesperada. O que se segue não é apenas a história de duas personagens improváveis: é uma fábula delicada sobre a possibilidade de recomeçar quando tudo parece encerrado, sobre os milagres que se escondem no quotidiano e sobre como o amor, mesmo tardio, pode ser uma forma de resistência.
Neste romance em que o real e o onírico se entrelaçam, a autora oferece-nos um retrato comovente da solidão, do tempo que se dobra sobre si mesmo e da literatura como abrigo. Uma história com cheiro a terra, com sabor a luto e a ternura, que transforma não só Maran mas também quem a lê.
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Neste romance em que o real e o onírico se entrelaçam, a autora oferece-nos um retrato comovente da solidão, do tempo que se dobra sobre si mesmo e da literatura como abrigo. Uma história com cheiro a terra, com sabor a luto e a ternura, que transforma não só Maran mas também quem a lê.
Não Basta Fechar a Boca!, de Eva Lau
E se o problema não for a força de vontade? Num mundo obcecado por imagens perfeitas e corpos padronizados, viver com excesso de peso é, muitas vezes, viver sob o olhar alheio – e sobre o peso da culpa. Entre dietas restritivas, promessas milagrosas e o temido efeito ioiô, milhares de pessoas entram e saem de ciclos que não oferecem saúde nem solução.
Este livro é para quem já tentou «fechar a boca» e percebeu que isso não basta.
Com décadas de experiência clínica, a endocrinologista Eva Lau desmonta mitos, desafia discursos simplistas e mostra, com empatia e ciência, que há outros caminhos – mais humanos, mais sustentáveis e eficazes. Aqui encontrará estratégias práticas para compreender o apetite, traçar metas realistas, lidar com a genética sem se render a ela e fazer escolhas alimentares inteligentes. Mas acima de tudo, encontrará uma abordagem que não separa o corpo da mente, nem a saúde do bem-estar emocional. Perder peso sem perder a paz. Ganhar saúde sem perder a liberdade. Um livro lúcido e libertador para quem está pronto para deixar a culpa de lado e começar, finalmente, de outra maneira.
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Com décadas de experiência clínica, a endocrinologista Eva Lau desmonta mitos, desafia discursos simplistas e mostra, com empatia e ciência, que há outros caminhos – mais humanos, mais sustentáveis e eficazes. Aqui encontrará estratégias práticas para compreender o apetite, traçar metas realistas, lidar com a genética sem se render a ela e fazer escolhas alimentares inteligentes. Mas acima de tudo, encontrará uma abordagem que não separa o corpo da mente, nem a saúde do bem-estar emocional. Perder peso sem perder a paz. Ganhar saúde sem perder a liberdade. Um livro lúcido e libertador para quem está pronto para deixar a culpa de lado e começar, finalmente, de outra maneira.
VERÃO – HISTÓRIAS INTENSAS, SENSUAIS, AVENTURAS, VIAGENS
O Segundo Sexo – vol 2, de Simone de Beauvoir
O que significa ser mulher num mundo construído para o homem? Neste segundo volume de O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir mergulha no concreto da existência feminina. Da infância à velhice, passando pela descoberta do corpo, pelo casamento, pela maternidade ou pela escolha de não se submeter, a autora traça, com precisão filosófica e lucidez, o mapa da experiência vivida pelas mulheres num universo que as definiu como «o Outro».
Nesta obra incontornável do pensamento feminista, de Beauvoir não se limita a descrever: questiona, desafia, expõe os mecanismos de opressão que se enraízam na cultura, na linguagem e nas estruturas sociais. Dá voz a figuras esquecidas – a prostituta, a lésbica, a narcisista, a mística – e reivindica a complexidade de ser mulher num mundo que insiste em simplificá-la. Mais de meio século depois da sua publicação, este volume continua a ser leitura essencial. Porque ser mulher – livre, pensante, independente – ainda é, demasiadas vezes, um ato de resistência.
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Nesta obra incontornável do pensamento feminista, de Beauvoir não se limita a descrever: questiona, desafia, expõe os mecanismos de opressão que se enraízam na cultura, na linguagem e nas estruturas sociais. Dá voz a figuras esquecidas – a prostituta, a lésbica, a narcisista, a mística – e reivindica a complexidade de ser mulher num mundo que insiste em simplificá-la. Mais de meio século depois da sua publicação, este volume continua a ser leitura essencial. Porque ser mulher – livre, pensante, independente – ainda é, demasiadas vezes, um ato de resistência.
Não Fossem as Sílabas do Sábado, de Mariana Salomão Carrara
E se o luto começasse antes da perda? E se o amor, ao invés de consolo, fosse só mais uma ausência? Não Fossem as Sílabas do Sábado não é um romance que se imponha — aproxima-se devagar, com a mesma contenção de quem pisa chão estilhaçado rachado. É nesse terreno frágil que conhecemos Ana, Madalena e Catarina: três mulheres ligadas por uma tragédia que interrompe o tempo e baralha os afetos. Entre a morte de um homem e o nascimento de uma criança, instala-se um intervalo em que não há respostas, só sobrevivência. Que fazer com uma vida que não se chegou a viver? Com o amor que ficou a meio caminho? Com a culpa que ninguém nomeia?
Mariana Salomão Carrara constrói um romance de contornos íntimos, no qual o enredo quase desaparece para dar lugar ao que importa: a forma como a dor se inscreve no quotidiano e altera a gramática do mundo. Um livro que habita o espaço entre o que aconteceu e o que nunca deveria ter acontecido. E que encontra, nesse vazio, a matéria da melhor literatura.
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Morte na Cornualha, de Daniel Silva
Tudo começa com uma morte discreta numa vila isolada — mas há crimes que não se limitam ao cenário onde acontecem. Quando uma professora de História de Arte aparece morta na sua casa de campo, no coração agreste da Cornualha, o caso parece mais um episódio trágico na longa lista de crimes por resolver da região. Mas um pormenor obscuro — uma nota enigmática, esquecida num caderno — altera o rumo da investigação. E é aí que entra Gabriel Allon.
Chamado a Londres para uma celebração artística, Allon — restaurador de arte, mas também nome lendário dos serviços secretos — vê-se de novo arrastado para um enigma em que a arte, a morte e o poder se entrelaçam. À medida que mergulha nos bastidores de Oxford, nas sombras das galerias e nos corredores da diplomacia internacional, Allon percebe que o assassinato de Charlotte Blake é apenas a primeira peça de um tabuleiro perigoso, no qual está em jogo muito mais do que a autoria de um crime.
Com uma escrita contida, ritmo seguro e inteligência narrativa, Morte na Cornualha confirma Daniel Silva como um mestre na arte de construir tramas em que a beleza e a violência caminham lado a lado — e nas quais ninguém é exatamente o que parece.
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