A Década Prodigiosa – crescer em Portugal nos anos 80
Partilhar:
5 de dezembro de 2024
«Dez anos é muito tempo», cantava Paulo de Carvalho. Percorrer uma década em 600 páginas parecerá muito a uns, pouco a outros, mas foi esse o volume a que Pedro Boucherie Mendes chegou para retratar a A Década Prodigiosa, de 1980, em Portugal. O autor conversou com dezenas de pessoas ao longo de três anos acerca deste tempo português e, garante, não ouviu lamentos, mas antes uma lembrança entusiasmada, havendo um convencimento geral de que este foi um período assinalável. Para o autor, que cresceu em Portugal nos anos oitenta, esta foi uma década prodigiosa, ressalvada que fica a falibilidade da memória. «Aceite a democracia, ultrapassado o Verão Quente, recebidos melhor ou pior os retornados, normalizada a situação política, os portugueses chegaram à década com vontades e intenções».
Então, vamos por partes – três, no caso deste livro no qual muitos vão querer mergulhar, seja por saudade, seja por curiosidade. O que se passou nesses longínquos mas tão icónicos anos?
Navegando entre a memória autobiográfica e a realidade factual e histórica dos anos oitenta no plano nacional e internacional (porque estão intrinsecamente ligados), Boucherie Mendes viaja por uma miríade de acontecimentos, lugares, costumes e ideias, sempre unidos por um elemento comum: os portugueses, tal como eram e, sejamos honestos, ainda são, na sua essência.
Então, vamos por partes – três, no caso deste livro no qual muitos vão querer mergulhar, seja por saudade, seja por curiosidade. O que se passou nesses longínquos mas tão icónicos anos?
Navegando entre a memória autobiográfica e a realidade factual e histórica dos anos oitenta no plano nacional e internacional (porque estão intrinsecamente ligados), Boucherie Mendes viaja por uma miríade de acontecimentos, lugares, costumes e ideias, sempre unidos por um elemento comum: os portugueses, tal como eram e, sejamos honestos, ainda são, na sua essência.
Na primeira parte, o autor recorda tanto o sismo nos Açores, como o abalo do boom do rock português, a morte de Francisco Sá Carneiro e O Tal Canal, de Herman José – faz sentido? Claro, já que tudo cabe nos dias, e não há um peso maior ou menor por defeito para o impacto que coisas boas ou más nos deixam;
Na segunda, passa pela entrada na CEE, recorda o desastre nuclear de Chernobyl e, num raio geográfico mais próximo, reacende a nostalgia das rádios locais;
Na terceira e última parte, Boucherie Mendes homenageia Miguel Esteves Cardoso, lembra o turbilhão estudantil contra a Prova Geral de Acesso (PGA) e assiste à queda do Muro de Berlim. Ficamos do lado certo da História, diz. Mas não há nada como ver (ou recordar) por si próprio.
UM POUCO MAIS SOBRE PEDRO BOUCHERIE MENDES
Pedro Boucherie Mendes nasceu em 1970. Jornalista, trabalhou na rádio, n’O Independente, en diversas revistas e na SIC. É autor de uma série de livros – ainda este ano, antes de A Década Prodigiosa, lançou o romance Segredos de Família. Nos anos 80, que passou nos arredores de Lisboa, andou sempre na escola pública, fez rádio pirata, foi a Espanha comprar caramelos, passou férias no Algarve e fez viagens à terra. Também foi muitas vezes à Feira Popular comer frango assado, e até fez a PGA.