Senhor Porco

"Aquilo que este livro nos dá a ler é um pequeno tratado. (...) Não se trata aqui, nem de perto nem de longe, de um discurso que tenha que ver com a ciência porcina, mas de um tratado de ética que concede ao porco um valor alegórico e o transforma num emblema universal. Um emblema da cretinização generalizada, do cinismo pragmático e mercantil, da arte de triunfar sem escrúpulos, da miséria da política e do pensamento (...) O humor, a ironia, o grotesco, a caricatura, mas obedecendo (com uma arte e uma agudeza assinaláveis) às regras da subtileza, são alguns dos dispositivos fundamentais de um discurso que consegue a elevação (não, não é a do sublime) do pensamento, mesmo quando trata da alarvidade; e que nunca é moralista, mesmo quando se aproxima de um tratado de moral."
António Guerreiro, Actual (Expresso), 12 de Fevereiro de 2005