Revista da Maçonaria N.º 4

Crise. Uma palavra que entrou no nosso quotidiano com uma violência surda, e que se instalou. Fala-se de crise europeia, de crise de mercados, de crise global. Mas, esta é, acima de tudo, uma crise de valores e de identidades. Vivemos um tempo em que "o ter" vale mais que "o ser".

O "ter" é importante, até porque está diretamente relacionado com a subsistência, logo com a capacidade de ser livre. Mas, não há liberdade se não existir "o ser".

Hoje, o termo ‘liberdade’ é uma palavra normal, banalizada, que passa entre conversas, textos, frases, sem que se dê por ela.

Um passado recente ditava a nossa liberdade... Liberdade limitada perante a sociedade, perante a política vigente, a geografia, os tempos. Mas, ainda que a nossa privacidade pudesse ser entendida como uma privacidade limitada - exactamente pela falta de liberdade, - ninguém teve controlo sobre o pensamento, diferenciando-nos, assim, pela capacidade individual de pensar.

Relembro a palavra "reflectir". Nunca ninguém nos proibiu de refletir, de pensar, ainda que a informação e desinformação possam moldar o tipo de reflexão e análise que fazemos sobre o que nos rodeia, sobre nós e sobre os outros.

Ora, em qualquer tempo ou espaço, somos livre-pensamento.

E nesta profunda liberdade, conscencializamos a máxima responsabilidade, perante nós próprios e perante o Mundo.

Essa é a forma mais profunda de liberdade e de privacidade.

A Maçonaria trabalha para que, em textos como os que aqui publicamos, possamos parar, ler com maior consciência e refletir.

E é na vontade de partilha, de gerar pensamento, de conquistar o bem comum maior que é viver num mundo melhor, que a Maçonaria se une. E é neste canto tão privado e tão só nosso que damos e recebemos. A todos e de todos.

Cada um é quem é. Dono de si, ...e do mundo.