Portugal e os Judeus - Volume I
de Jorge Martins
Os judeus viveram em clima de relativa tolerância em Portugal desde a formação da nacionalidade no século XII, aumentando as suas comunidades até finais do século XV, época em que representariam cerca de 10% dos menos de 1.500.000 habitantes do país. A partir do Édito de Expulsão de D. Manuel I, em 1496, transformado em baptismo forçado no ano seguinte, a situação degradou-se e, após árduas tentativas do intolerante rei D. João III, a Inquisição foi introduzida em 1536, o que desencadeou o extermínio sistemático do judaísmo em Portugal. Esta situação só terminaria com a acção autoritária do Marquês de Pombal no último quartel do século XVIII e seria definitivamente afastada com a extinção da Inquisição pelo parlamento liberal em 1821.
As primeiras comunidades judaicas contemporâneas começaram a reconstituir-se no início do século XIX e, um século depois, revelar-se-iam ao mundo os criptojudeus sobreviventes do extermínio inquisitorial, que foram descobertos no interior do país, nas Beiras e em Trás-os-Montes, pelo engenheiro judeu polaco Samuel Schwarz. Pela acção determinada do capitão Barros Basto, também ele marrano, iniciou-se a chamada "Obra do Resgate", que procurou trazer ao judaísmo oficial esses milhares de judeus secretos.
A literatura anti-semita que proliferou entre os séculos XVI e XVIII são fontes inestimáveis para a compreensão do anti-semitismo português. Também a acção filo-semita de personalidades tolerantes como o padre António Vieira, D. Luís da Cunha e o Cavaleiro de Oliveira demonstram que a resistência judaica teve o apoio de alguns dos nossos melhores intelectuais, que contribuiriam assim para o processo de emancipação dos judeus portugueses, iniciado no tempo de Pombal, continuado no período liberal e legalizado durante a I República.
Se a República constituiu uma verdadeira oportunidade para a emancipação judaica portuguesa, também proporcionou a emergência do anti-semitismo ideológico mais virulento, cujos principais arautos, António Sardinha e Mário Saa, teriam dignos discípulos em personalidades integralistas e nacionalistas, como Francisco Pereira de Sequeira e Paulo de Tarso e porta-vozes na imprensa, como o Serviço d’El-Rey e a Acção Realista.
As modernas comunidades israelitas portuguesas edificaram novas sinagogas de raiz, designadamente em Lisboa e no Porto, prosperaram de Norte a Sul, passando pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira e envolveram-se nos esforços sionistas da construção da pátria judaica, entre finais do século XIX e meados do século XX.
Propriedade | Descrição |
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ISBN: | 9789726998419 |
Editor: | Vega |
Data de Lançamento: | maio de 2006 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 170 x 241 x 26 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Documenta Histórica |
Classificação temática: | Livros em Português > História > História de Portugal |
EAN: | 9789726998419 |
Idade Mínima Recomendada: | Não aplicável |