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Palavra do Senhor

de Ana Bárbara Pedrosa
Livro eBook
editor: Bertrand Editora, maio de 2021
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«Leram tudo e entenderam tudo mal. Falam de Sodoma e Gomorra, chacinas, inundações. Dizem que separei famílias, disseminei a fome, escolhi matar pessoas. Com tanto mundo à frente, só um insensato pode julgar que não há Deus. Poderia a vida, esta coisa múltipla e parca, ser obra mera do acaso? Mais tarde ou mais cedo, eu teria de repor a verdade, contar à gente de onde vem, para onde vai, quem é. Pode julgar-se que vem tarde a narrativa fundadora que corrige as anteriores, mas veio na hora certa porque foi a hora que eu escolhi.»

Nem tudo foi como ficou na Bíblia. Os humanos não puderam entender Deus e os boatos ganharam espaço à verdade. Durante milénios, cada um teve a sua história, os mal-entendidos fizeram mossa. Chegou então a hora de Deus esclarecer o que deu azo a versões dúbias.

Uma escrita experimental irreverente, bem-disposta, desarmante e deliciosamente herética.

«Com uma escrita empolgante e que se lê com pressa e vontade de descobrir as diferenças entre o que se conta e o que a escritora desconta, torna-se muitas vezes surpreendente, com frequência inesperado e quase sempre divertido, resultando num dos grandes romances publicados neste princípio de década.»
João Céu e Silva, Diário de Notícias, sobre Palavra do Senhor

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Livros em que se vê pintar um clima

Quando dois amigos piscam o olho um ao outro, sou a última a saber. Num livro, não me querendo gabar, já atinjo qualquer coisa. Aqui vão alguns exemplos. Sexus Dizer que pintou um clima talvez seja dizer pouco, mas serve o propósito. Pelo menos, a história deu-se com estilo. Assim de forma telegráfica, foi isto: homem de 33 anos e infeliz no casamento conhece mulher no salão de baile. A partir daí, foi o galope daquela coisa sem nome que arrebata o coração. Que se lixasse, então, o casamento que lhe sabia a coisa pouca; depois daquele dia, abriu-se o futuro sob o tormento da paixão. Foi preciso arriscar tudo para viver aquele destrambelhamento lancinante, e por isso o livro é sobre risco, tendo nas suas páginas a eletricidade de dois humanos que se puxam um para o outro. Eis, como é tão comum na boa literatura, a poderosa força inexplicável que transforma os apaixonados em gente que busca e tenta matar a ansiedade. QUERO LER!








  A carne Quem nunca contratou um gigolô para a acompanhar à ópera que atire a primeira pedra. Foi o que fez Soledad, e só para chatear um ex-amante. Corações ressabiados são assim. Mas corações ressabiados ainda têm espaço para qualquer coisa mais do que o rancor, e eis ali, na coisa inesperada, nascer uma coisa mais inesperada ainda. Entre Soledade e o gigolô, surge uma faísca. Depois da faísca, começa o fogo. Ela com 60 anos, ele com 32. Tudo ali é descoberta, jogo, tensão, e para quem lê há o sabor da maravilha da coisa bem escrita, da história bem detalhada. Ou seja, é um livro de Rosa Montero e isso já diz tudo. Como tudo o que vem daquelas mãos, A Carne escancara a própria vida: há o indizível da procura do amor e a concretude da busca de um corpo. E tudo isto mostrando uma voz que, quase do nada, se apercebeu de que o tempo foi passando e o envelhecimento foi chegando. QUERO LER!

Palavra do Senhor Este conheço bem, que fui eu que o escrevi. Diz-se que isto de amar é coisa virada para o divino, e aqui temos isto sem exagero e sem metáfora. Ao olhar para a Terra, Deus apaixonou-se pela sua criação. Entre tantas, entre todas, teve a sua eleita. Lá de cima, lá de algures, viu-a no Médio Oriente e não mais pôde largá-la. A sua paixão por Maria serviu para inventar uma família, para erguer uma religião, para mudar o destino às coisas. Desde esse momento inaugural da paixão, o mundo passou a ser outro. Sem se poder fazer homem, Deus, o narrador, arranjou forma de terem um filho juntos, fazendo de tudo isto a família mais retorcida que já vi ou inventei. Enquanto escrevia o livro, também eu me fui apaixonando por Maria – e nunca pude deixar de pensar que este Deus não tinha os parafusos todos. Ora, como fui eu a inventá-lo, talvez quem não tenha os parafusos todos seja eu. QUERO LER!

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«Literatura, esse animal a chafurdar», uma crónica

Irrita-me que se procure na literatura uma resposta, que se veja no virar de uma página um caminho. E irrita-me que se julgue que um escritor é um messias, um profeta da moral, um salvador – um catequista que traz uma lição ou uma mensagem. Quem escreve tem de enterrar as mãos na lama.
Na literatura, procuro sempre a falha. Não me interessa se é a minha ou a dos outros, antes encontrar a frincha na moral, a vergonha de um dissimulado, o buraco negro na paisagem. Gosto de pensar o romance como monstro vivo a estripar entranhas: depois do exercício da escrita, há vísceras, sangue, horror; há a vida sem capacetes, pensos rápidos, folhinhos cor-de-rosa. A literatura, ao nascer, trouxe à vida o que se fingia estar escondido – o que é recalcado aparece no papel escancarado, e o romance é uma retroescavadora a vasculhar no lodo.
Leva-se ao terreno literário o que não se pode admitir, explora-se a sensibilidade, a quebra de expectativas. Nisto, pouco será mais humano, mais amplo e mais filho-da-mãe do que a inveja. Tê-la passa sempre por ter de fingir que não se a tem. É uma coisa muito linda, pois não? Um monstro cheio de fome a rasgar o estômago com os dentes.   Está nos primórdios da vida, e da tradição escrita também. No Génesis, lá está ele: Caim, que não tinha quase ninguém à volta e escolheu o homem mais próximo para invejar até morrer por dentro. Ora, quem morre por dentro tem a necessidade de matar. Uma espécie de kill your darlings levada aos extremos. Um homem matava-se a tentar fazer com que a terra cuspisse qualquer coisa, e havia um Deus gatuno que lhe deitava a oferta ao lixo. E depois o outro – plácido, calmo – que mais nada fazia para além de passear gado pelos campos, que oferecia um carneiro aceite de bom grado. Nesta situação, claro que o primeiro gajo nem quis saber de que o segundo era irmão dele: foi pegar numa pedra e limpar-lhe o sebo, a ver se se limpava também o sebo que tinha em torno das artérias coronárias. Desta sensação que come, nasceu no imaginário ocidental a Humanidade: o homem, marcado pela inveja que levou ao assassinato, teve de fugir dali, encontrar uma mulher, fundar povos. Na Bíblia, somos todos filhos do pecado capital da inveja – muito mais incisivo do que comer uma maçã que só servia para enfeitar um jardim. Em meia dúzia de traços, compôs-se uma história inteira, e disse-se tanto disto que é a massa humana: por vezes, a própria falha leva a querer partir o outro. E, perante a História, nem é preciso a explicação: basta ver para o impacto parecer capaz de partir ossos.
A tragédia de Caim foi ser humano. E o mesmo se passou com Otelo, seu filho, nosso pai. A vida foi-lhe tão trágica que parecia encravada logo ao nascer. Ali, o monstro a corroer por dentro teve o mesmo efeito que com Caim – comeu tanta coisa de um peito descarnado que lhe pôs nas mãos um crime irreversível. Depois de matar por ciúmes Desdémona, sua esposa, já não havia nada que o safasse. Para tanta dor duradoura, estrangulamento tão veloz. Criara-se ali um diz-que-disse, e Otelo vira Desdémona na cama. Acusara-a de traição, mas de que vale uma negação para quem acusa? Um cego, bem se sabe, é incapaz de ver, e não há sentimento carniceiro que acalme à mansidão da voz. Que ela negasse a acusação de Otelo enfureceu-o, e a fúria meteu as mãos num pescoço inocente. Ora, quando Otelo se apercebeu do erro, já a irreversibilidade era como uma bola de aço a bater-lhe na cabeça. Portanto, só porque Shakespeare era mesmo, mesmo trágico, Otelo suicidou-se a seguir. Quem nunca? A inveja deu nisto, e ainda por cima de nada.
Ora, caída nas asas da literatura, também eu tive esta pulsão: pegar em alguém consumido por um desejo e que se julgasse injustiçado. Foi terrível, admito – e que maravilha foi. Escrever é esta coisa lixada e boa ao mesmo tempo. Desta vez, nem houve um Deus no céu a preferir um irmão, nem houve um amante a recear a existência de outro. O que criei foi outra coisa: um homem que, pese embora a forma como o álcool o corroía e transformava, achava que o que o afastava do amor dos irmãos e da mãe era a mulher que ele, volta e meia, espancava forte e feio. Este é o Manel de Amor Estragado, a mais infame das minhas personagens – a mais divertida também. Admito que, ao fazê-lo, no sossego de um escritório ou de uma biblioteca, me senti poluída por aquela inveja. Ora, alguém que escreve, ao sentir a mão viscosa do que vem do texto, voa com a vitória – se a sensação existe, é porque a vida é mesmo assim.
Da literatura, um leitor exigente não pode aceitar mantras, nem pode aceitar o desrespeito de um autor que vem com uma mensagem declarada. A escrita é um movimento exploratório, não uma explicação do mundo a ser dada de mão-beijada. E é assim que faz com que as mãos pareçam coisas que nem servem para agarrar. Não tem de servir para nada, muito menos para catequizar. Não tem de apontar um caminho. Só se não sujar as mãos é que é inútil.


Nota:
Este artigo foi originalmente publicado na Revista Wookacontece n.º 10.

Palavra do Senhor

de Ana Bárbara Pedrosa

Propriedade Descrição
ISBN: 9789722541091
Editor: Bertrand Editora
Data de Lançamento: maio de 2021
Idioma: Português
Dimensões: 152 x 235 x 11 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 144
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789722541091
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
e e e e E

«Leram tudo e entenderam mal.»

Dina Pereira @cheiroalivros

Neste livro Ana Bárbara Pedrosa dá voz ao Criador, que na hora escolhida por Si repõe a verdade. Deus ganha características humanas, emoções e reconhece os seus erros. Um livro audaz, despretensioso e irreverente. Um livro que se lê sem dar por isso... em que somos conduzidos por várias passagens dos dois Testamentos, em que somos quase que o confidente de Deus. Muito interessante.

e e e e E

Magnifico

Dora Silva Livros à Lareira com chá!¿

Foi a minha estreia com a autora. E que boa leitura foi esta, nesta obra encontramos o recontar da Bíblia num livro narrado por Deus. Uma narrativa cheia de humor e com comportamentos humanos num Deus por tantos adorado. A autora está de parabéns pela forma como enquadrou as características humanas a Deus de uma forma tão bem humorada. Temos o livro dividido em duas partes, antigo e novo testamento, o meu preferido foi o primeiro. Gostei muito e recomendo e espero ler tudo desta escritora, adorei!

SOBRE O AUTOR

Ana Bárbara Pedrosa

Ana Bárbara Pedrosa é autora de Lisboa, chão sagrado (2019), Palavra do Senhor (2021), Amor estragado (2023), também publicado no Brasil, e Viagens com o Mehdi (2024) – todos com chancela Bertrand Editora. Escreve textos para vários órgãos de imprensa com regularidade, assina crónicas no jornal Mensagem de Lisboa e na revista Sábado e faz crítica literária no Observador. É doutorada em Ciências Humanas, mestre em Estudos Portugueses, pós-graduada em Linguística e em Economia e Políticas Públicas e licenciada em Línguas Aplicadas. Viveu e estudou em Portugal, no Brasil e nos Estados Unidos. Nos tempos livres, estuda línguas, faz jiu-jítsu e scuba diving – e viaja.

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