Os Sonhos da Feiticeira

"Toda a poesia é luminosa, mesmo a mais obscura."- Eugénio de Andrade

"Quando nos aproximamos de um rio e nos olhamos mutuamente, sabemos que a nós nos interessam as suas profundezas, o que corre por baixo do que corre à superfície, o âmago, o negro que projecta a luz. Quando olhamos nos olhos de um lobo, sabemos ler o olhar. Ele é mais que a luz numa retina selvagem. Ele é um olhar de homem ou de mulher, escondido dos demais por opção da criatura nocturna. Quando nos escondemos do Sol e elegemos a treva como nosso líquido amniótico, fazemo-lo não só pelo conforto ou calor mas sim porque nos sentimos bem com aquilo que somos, com o nosso lado de luas, com o nosso ambiente, com a nossa raíz, com a nossa asa.
É tudo isto que encontro na poesia da Marta, que corre por baixo dos rios, que reflecte o olhar único do lobo, que abraça o lado lunar das coisas com a elegância das suas palavras de mulher.
Junto as minhas palavras às dela e convido-vos a entrarem nesta fantasmagoria tão humana." - Fernando Ribeiro