O Lugar da Caveira

Chingiz Aitmatov evidencia, em O Lugar da Caveira , o trágico paradoxo do mundo actual: a rapina, até à exaustão, dos recursos naturais numa perspectiva exclusiva de lucro e de bem-estar imediato.
Num cenário de destruição das estepes da Ásia Central, Chingiz Aitmatov narra o duelo mortal entre lobos que se tornam protagonistas de essenciais valores humanistas e agentes de uma política de estado que vê na destruição do meio ambiente um feito heróico.
Através deste absurdo confronto, O Lugar da Caveira exprime, com uma força plástica e literária indelével, a ideia de que o drama ecológico dos nossos dias - bem visível em todo o mundo, mas, em particular, e de uma forma que este romance tragicamente prenunciava, na própria Rússia - é, antes do mais, um problema de formação moral do homem.
"Um grito, um apelo desesperado dirigido a cada leitor para o fazer pensar, para que cada um reconheça a sua responsabilidade numa situação que alastrou pelo mundo e que se agravou até aos limites"; é assim que o prefaciador E. Surkov classifica O Lugar da Caveira , uma obra que impressionará certamente o leitor pela acutilância com que Chingiz Aitmatov enfrenta um problema cada vez mais universal e premente.