O Livro das Cidades

de Guillermo Cabrera Infante

editor: Dom Quixote, abril de 2001
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O Livro das Cidades

de Guillermo Cabrera Infante

Propriedade Descrição
ISBN: 9789722019064
Editor: Dom Quixote
Data de Lançamento: abril de 2001
Idioma: Português
Dimensões: 160 x 240 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 276
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Outras Formas Literárias
EAN: 9789722019064
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
Guillermo Cabrera Infante

Escritor de origem cubana, Guillermo Cabrera Infante nasceu a 22 de Abril de 1929, em Gibara, Cuba, e faleceu a 22 de Fevereiro de 2005, em Londres, Inglaterra.
Filho de pais directamente ligados à política - fundadores, em Gibera, do Partido Comunista - desde cedo se viu confrontado com um forte ambiente de consciência política. Motivado pela profissão dos pais, Cabrera Infante viu-se forçado a mudar para Havana em 1941.
Em 1959 Cabrera Infante era já bastante conhecido pelas fantásticas críticas de cinema que publicava na revista Carteles e por alguns textos e contos que publicava em revistas como Ciclón. Mas foi, indubitavelmente, em 1964 que ganhou notoriedade ao publicar a sua "obra-prima" Tres Tristes Tigres, publicada depois em Espanha, pela Editora Seix Barral, em 1967 (sendo esta a edição mais conhecida e mais referida).
Cabrera Infante exerceu diversos cargos, dentre os quais se destacam os de Presidente do Conselho Nacional de Cultura, Director de Lunes de la Revolución - suplemento cultural do jornal com o mesmo nome, Director Executivo do Instituto do Filme e Adido Cultural da Embaixada da Bélgica, cargo que exerceu de 1962 a 1965 - data em que abandonou o posto por severas críticas ao regime de Fidel Castro, exilando-se, então, em Inglaterra, país que, a partir daí, adoptou como pátria. Mesmo exilado, Cuba sempre esteve presente na vida de Cabrera Infante: a partir de 1966 (data de exílio em Londres), começou um ataque cerrado ao regime de Fidel Castro; no âmbito da sua produção literária, Havana, cidade de eleição, por ser a capital onde tudo de mais importante se passava, marcou indubitavelmente o mundo anedótico de toda a sua obra. Revelando um espírito extremamente combativo e de feroz consciência crítica, Cabrera Infante jamais desistiu de denunciar as realidades cubanas que pretendia combater. Na maioria das suas produções é fácil reconhecer uma contínua preocupação e um interesse fervoroso por recriar, espelhar a linguagem de Havana: os seus sons, as suas músicas, os barulhos das suas ruas, as conversas do seu povo, sempre num realismo acutilante que revelava ao mundo uma dura realidade que muitos pretendiam esconder. O preço que pagou por tal postura foi ter visto, continuamente, as suas obras serem proibidas em terras cubanas, embora disponíveis em toda a Europa e até mesmo nos Estados Unidos da América - em especial em Miami, onde reside uma vasta colónia de cubanos admiradores deste pensador que, sem medos, denuncia a realidade de Cuba castrista. A comprovar este elevado interesse da obra de Cabreara Infante nestas partes americanas é o facto de ter sido condecorado Doutor Honoris Causa pela Universidade da Flórida (EUA).
Denunciava o regime político da sua primeira pátria mas demonstrava um profundo amor pela terra que o vira nascer: Cuba está marcadamente presente em toda a sua prosa - seja ela em novela, em conto ou em simples ensaios; a paixão desmedida por Havana é facilmente reconhecida na fantástica recriação que faz na linguagem, através de jogos sucessivos que nos levam a "adivinhar" esse objectivo de demonstrar tal sentimento.
O aparecimento em Espanha de Tres Tristes Tigres foi um forte e significativo sinal do que iria ser, e já era, de facto, toda uma linha de produção literária deste autor cubano. A obra referida teve de tal modo impacto no cenário literário, que viu, tempos depois, surgir um convite para adaptação a filme do realizador chileno Patricio Guzman.
Conversação, erotismo, música, humor, cinema, escrita lúdica, fizeram da obra de Cabrera Infante uma autêntica "obra em progresso". Todos os seus títulos, os seus livros, podem e devem ser lidos como um só livro, como uma autêntica ilha, à volta da qual gravitam todos os temas. A essa "ilha" estão ligadas as suas nostalgias, os seus amores, a sua memória, enfim, a sua escrita.
É difícil esta sua tendência para o exílio (em diversos sentidos), para se encerrar numa ilha real e literária; mas sem se entender este exílio, não se poderá, nunca, compreender a sua vida e a sua literatura e, muito menos, a sua biografia editorial.
A sua obra é, de facto, vasta e toca, sobretudo, géneros muito diversos, revelando narrativas pré-revolucionárias, de tom acusatório, indo buscar à história cubana vários tempos - passados e presentes - para falar de uma Cuba real. Dela se destaca fundamentalmente: Vista del amanecer en el trópico, Prémio Biblioteca Breve em 1964, Tres Tristes Tigres (1967), Así en la paz como en la guerra, publicada pela Seix Barral em 1971, tinha já tido a sua edição em Havana em 1960, Un ofício del siglo XX, editada em 1973 pela Seix Barral e em 1993 pela El País-Aguilar - cinema, Arcadia todas las noches (1978) - cinema, La Habana para un infante difunto, editada pela mesma Seix Barral em 1979 - livro de contos, dos quais se destacam Ella cantaba boleros e La Amazona, Mea Cuba (1991), Delito por bailar el chachachá (1995), Mi música extremada (1996) e Cine o sardina (1997) - cinema.
De uma actividade cívica de extraordinária coerência, desde sempre e continuamente se dedicou plenamente à sua arte de escritor e crítico cinematográfico, embora tenha tido numerosas ofertas para encabeçar movimentos políticos de oposição ao regime castrista - o que lhe poderia ter trazido uma situação social e económica mais desafogada. Mas sempre o negou em favor de uma "vida livre para escrever".
Ao ser-lhe atribuído o Prémio Cervantes pela mão do Rei Juan Carlos de Espanha, fez-se, sem dúvida, justiça histórica, uma vez que, formando parte (por direito próprio) do chamado "boom" da narrativa latino-americana, Cabrera Infante não pode desfrutar das suas vantagens propagandísticas precisamente pela referida atitude cívica extraordinariamente coerente. Ao receber o Prémio Cervantes, Cabrera Infante tornou-se no terceiro cubano a receber tal prémio, depois de Alejo Carpentier (em 1977) e Dulce Maria Loynaz (em 1992).
Considerado um autor bilingue e multicultural, igualmente à vontade no inglês como no espanhol, distinguiu-se pelo tom atrevido e inovador das suas novelas, ensaios, contos e guiões de cinema.
Ganhou diversos prémios literários em França, Itália e Espanha, levando, assim, a crítica a afirmar unanimemente que se estava perante um autêntico "produtor de monumentos" de versatilidade no idioma espanhol, com uma agudíssima compreensão humana, revelada por uma infinita capacidade de manifestação estética.
Pela sua reconhecida arte de persuasão textual, poder-se-á afirmar que, de uma forma geral, ao ler as obras de Cabrera Infante, se descobre um género híbrido e novo, levando o leitor a perceber os seus textos como obras de "opinião narrativa" ou "narração comentada". A leitura geral da sua obra revela, na essência - como o afirma a maioria da crítica internacional - uma forte disparidade entre o amor pelo mundo e a impossibilidade de habitá-lo.

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