O Crescer das Árvores

de Nuno Higino

editor: Campo das Letras, abril de 2003
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" - Não achas que o mundo seria melhor se não houvesse homens?
- Não, Rashid, porque se não houvesse homens não havia mundo. Só havia coisas sem nome.
- Não havia mal...
- Nem bem, Rashid. Só havia coisas sem nome.
- E para que precisamos do nome das coisas?
- Para chamá-las, Rashid.
E começaram a correr entre as crateras e a brincar como se fosse a primeira vez que brincavam.
Construíram pontes, baloiços e espantalhos. Jogaram às pedrinhas. Tomaram banho nas crateras onde havia uma água tão límpida que não parecia água, parecia luz. Conversaram, inventaram histórias, desenharam árvores. Ouviram o uivar dos lobos. Seguiram as sombras que caminhavam sozinhas. Tocaram música num alaúde. Inventaram brinquedos novos e palavras novas para os chamar. Subiram pelos braços da lua e tocaram a sua face bela. Trocaram de sítio uma bandeira que encontraram e cujas estrelas se tinham apagado. Colheram narcisos e outras flores com a foice de prata que há na lua."

" - Não achas que o mundo seria melhor se não houvesse homens?
- Não, Rashid, porque se não houvesse homens não havia mundo. Só havia coisas sem nome.
- Não havia mal...
- Nem bem, Rashid. Só havia coisas sem nome.
- E para que precisamos do nome das coisas?
- Para chamá-las, Rashid.
E começaram a correr entre as crateras e a brincar como se fosse a primeira vez que brincavam.
Construíram pontes, baloiços e espantalhos. Jogaram às pedrinhas. Tomaram banho nas crateras onde havia uma água tão límpida que não parecia água, parecia luz. Conversaram, inventaram histórias, desenharam árvores. Ouviram o uivar dos lobos. Seguiram as sombras que caminhavam sozinhas. Tocaram música num alaúde. Inventaram brinquedos novos e palavras novas para os chamar. Subiram pelos braços da lua e tocaram a sua face bela. Trocaram de sítio uma bandeira que encontraram e cujas estrelas se tinham apagado. Colheram narcisos e outras flores com a foice de prata que há na lua."

"O Crescer das Árvores resulta, em boa parte, do cruzamento de duas outras histórias: uma retirada de um filme iraniano, cujo título e realizador (não é Kiarostami) não retenho. A ideia da música que faz crescer as árvores creio que virá daí: é tão bela que temo não ser minha. A outra é a de um refugiado ruandês, meus colega em Madrid, que durante seis meses vagueou pela selva, fugindo à guerra, até chegar ao Congo Brazaville, primeiro, e a Espanha, depois, onde actualmente vive. Chama-se Aimable Runyange. O saco de sal, a única coisa que consegui levar quando iniciou a fuga, permitiu-lhe ir trocando pequenas quantidades por alimentos com os nativos da selva. Foi isso que provavelmente lhe salvou a vida."
Nuno Higino

O Crescer das Árvores

de Nuno Higino

Propriedade Descrição
ISBN: 9789726107408
Editor: Campo das Letras
Data de Lançamento: abril de 2003
Idioma: Português
Dimensões: 230 x 230 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 34
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Infantis e Juvenis > Literatura Juvenil
EAN: 9789726107408
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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Introspecção

Sylvie Fidalgo

Através da leitura desta obra, apercebemo-nos da profundidade das mazelas provocadas pela guerra em toda a população, mas em especial nas crianças. Precepcionamos a importância dos sonhos em nós enquanto pessoas humanas e da sua importância no futuro pois temos conciência que estes tem o poder de definir objectivos e fincar personalidades. Agradecemos o mais brevemente possivel entrar em contacto com o excelente autor para deste modo, discutir algumas ideias acerca do livro " O crescer das árvores", pois pós a leitura deste livro constactamos que este seriam um bom objecto de estudo e trabalho, para enriquecimento da cadeira semestral de " literatura juvenil". Sem mais assunto, os nossos parabéns, aguardando noticias que nos ajudem nesta tarefa.

Nuno Higino

Nuno Higino (Felgueiras, 1960) é licenciado em Teologia e Filosofia e doutorado em Filosofia Estética pela Universidade Complutense de Madrid. É professor de Estética e História da Arte na Universidade Fernando Pessoa, responsável editorial da Letras e Coisas e programador na Casa das Artes de Felgueiras. Escreveu um ensaio sobre José Rodrigues, O terceiro anjo. Anjos em desconstrução, Campo das Letras, 2007.

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