O Actor Americano

Agarrem numa jovem italiana. Transplantem-na em Paris. Façam-na ir vivendo como correspondente de uma rádio. Ponham-lhe do outro lado da parede um casal de vizinhos em conflito. Continuem a pressioná-la no caos citadino das greves dos transportes, das manifestações que é preciso acompanhar corajosamente para conseguir entrevistas.

Nesta altura arranjem-lhe um encontro com um actor americano; não um qualquer, mas precisamente o actor americano por quem ela se baba «só de pensar nele».

Numa noite de paixão num hotel parisiense, a jovem apercebe-se de que sob toda aquela carne magnífica vibra um fogo mágico: «não preciso de consultar o I Ching para saber que estou no caminho da iluminação». Mas ainda não acabou. A nossa heroína decide que aquele é o homem certo, é precisamente aquele que lhe convém porque «é alguém que não tem medo de se envolver intensamente nas coisas» (pelo menos nos filmes...). E então como é que se evita apanhar o avião e ir procurá-lo em Nova Iorque? Como é que se evita arriscar a pele ao aterrar no meio de uma tempestade de neve?

A caça ao actor americano custa longas horas de espera em restaurantes caríssimos com o cartão de crédito a vermelho, jet-set e guetos, top-models desmioladas e afro-americanas que te recebem em casa como uma filha e no dia seguinte te expulsam. Mas eis que um dia, precisamente quando quase tinha perdido a esperança de voltar a vê-lo...

Com o seu inconfundível brilhantismo, a frescura dos diálogos, a profundidade emotiva dissimulada num humor feroz, esta é uma empolgante história de amor.