Déogratias
de Jean Philippe Stassen
Sobre
o LivroEsgotado, com olhar febril, "Déogratias" deambula pelas ruas de Butare, no Ruanda. O pobre desgraçado precisa de urwagwa, sempre mais urwagwa, a cerveja de banana. Para esquecer. Para esquecer que não é apenas um cão aterrorizado pela noite. Para esquecer os pesadelos que o assaltam. Para esquecer que assassinou barbaramente as mulheres tutsi que amou. Mas será que podemos apagar do seu espírito e do seu corpo os vestígios viscosos do seu sangue e o gosto amargo das lágrimas? Uma história baseada no genocídio que devastou o Ruanda em 1994, cujo protagonista "Déogratias" nos faz pensar no que pode transformar, de um momento para o outro, um simples ser humano… num monstro. Não foi certamente por acaso que este álbum recebeu o Prémio Goscinny para o Melhor Argumento.
'Déogratias' limita-se - e este "limita-se" é imenso - a procurar retratar, pelo olhos de um estranho louco, que é gente de dia e cão à noite, aquilo a que Hannah Arendt chamou, a propósito do nazismo, de "banalidade do mal"."
João Miguel Tavares, Diário de Notícias
"Sublime história de amor e morte - o protagonista vê, impotente, serem massacradas as mulheres tutsis que amou - revela ao público nacional o imenso talento e sensibilidade do belga Stassen".
Mil Folhas (Público), 31 de Julho de 2004