De Istambul a Nassíria
Crónicas da Guerra do Iraque
de José Manuel Rosendo
Sobre
o Livro"A escrita fluida, frequentemente marcada por uma cadência própria da rádio, transporta-nos aos locais por onde passou, mas dá-nos também a dimensão subjectiva do jornalista; as suas ansiedades, os seus receios e as suas opções em contextos culturalmente diferentes do seu. José Manuel Rosendo revela, logo no início do livro, a angústia que pautou os dias em que, por indicação de Luís Ochoa, Director da Antena 1, ficou de prevenção, quando ocorreu a invasão do Afeganistão. A angústia deu lugar à frustração, pois não chegou a levantar voo, mas logo nessa ocasião questionou-se sobre o intenso desejo de partir para a guerra, apesar de, anos antes, ter dito não ao serviço militar. A resposta para essa aparente incoerência pode ser lida nas entrelinhas dos relatos que nos apresenta, na partilha das suas emoções, que nos fazem compreender a necessidade de voltar a zonas de conflito militar: um jornalista quer estar onde está o pulsar da história. Nas palavras de José Manuel Rosendo não há o enaltecimento do heroísmo ou da coragem do jornalista, ainda que muitas das circunstâncias relatadas só nos possam conduzir à percepção de que, pelo menos, a calma e o sangue-frio o acompanharam. E na situação limite que foi o assalto que sofreu na viagem Nassíria/Bassorá no Iraque, em Novembro de 2003, o autor não se escusa a expor o que sentiu (...)"
Anabela Lopes, JJ Jan/Mar 2008
"Foi nesta cidade que vi pela primeira vez serem respeitados sinais de trânsito numa rotunda esburacada, onde o alcatrão já há muito fora substituído pela lama, sendo que o mistério que permaneceu foi o de porquê ser aquele o único local onde as regras de trânsito eram respeitadas, quando por toda a cidade reinava o caos e a desordem. Cizré é assim."
"Ajoelhado, com as mãos atrás da cabeça, adivinho a hesitação e o desnorte na cara do homem que tenho à minha frente de arma apontada. (...) Nesses breves segundos, não sei como foi possível pensar em tanta coisa, momentos e pessoas, que marcaram a minha vida, numa sequência quase de filme."
"Pretendia acompanhar uma força militar no terreno e acabei por ser uma 'entidade' protegida que só podia colocar o nariz de fora quando houvesse a certeza de que nada me aconteceria. Depois das peripécias com jornalistas em Novembro, a atitude da GNR durante este mês deixou a ideia de que a força portuguesa apenas queria provar que poderia manter jornalistas no Iraque, sem que nada lhes acontecesse, desde que pudesse olhar por eles, à sua maneira."