Contos Dispersos

- Não sou feliz com ela. Acabei por fazer a vontade a minha mãe e elas não se entendem... Se soubesse quanto tenho sofrido, sempre que a vejo passar pelo braço do seu marido! E a Luísa, é feliz?

- Há muitos modos de procurar sê-lo, de viver, de amar. Tenho um lar. Sou mãe. Meu marido estima-me e respeita-me, sabendo embora, porque eu lho contei, que já havia sido de outros. Nunca mo jogou em cara. De certo modo, sim, sou feliz. Mas o sonho, o amor tal como ao sonhei, nunca foram realidade na minha vida. A cabeça repousa-lhe no ombro de Alberto, por momentos e ele beija-a docemente na testa, nas faces, nos lábios, numa carícia constante.

A noite aproxima-se, caminha imperceptível, prestes a envolvê-los, enquanto a balada do mar ecoa aos seus ouvidos repetitiva, insistente. O passado revive nas palavras que não haviam sido ditas no momento certo. Depois, acordam para a realidade.

- Alberto, é tarde, tenho que ir.

- Quer, quer mesmo ir?

- Tenho que ir. Não podemos voltar atrás, nunca mais, o tempo não perdoa, a consciência não permite.