Consentimento
de Vanessa Springora
Sobre
o LivroParis, meados da década de 80: a jovem V. procura nas páginas dos livros algo que preencha o vazio de afecto deixado pelo divórcio dos pais. Com treze anos, num jantar, conhece G., escritor, figura da elite intelectual parisiense, semblante de monge budista e «olhos de um azul sobrenatural». Desconhece a reputação sulfurosa de que o escritor de cinquenta anos goza e desde o primeiro olhar é conquistada pelo magnetismo daquele homem, pelos olhares que lhe dedica. Depois de um meticuloso cortejo de algumas semanas, V.entrega-se a G. de corpo e alma.
O idílio amoroso chega ao fim quando V. percebe, com uma terrível desilusão, que G. coleciona relações com adolescentes e que faz das sucessivas conquistas a matéria-prima da sua obra literária. Debaixo da aparência melíflua de homem de letras esconde-se um perigoso predador, enfeitiçado pela juventude das suas vítimas, encoberto por uma sociedade complacente.
Mais de trinta anos volvidos sobre os factos, Vanessa Springora narra, de forma lúcida e fulgurante, esta história de amor e perversão. Uma história individual - a sua história com o escritor Gabriel Matzneff - que espelha tantas outras e que expõe as derivas de uma época deslumbrada pelo talento e pela celebridade. Corajoso e comovente, este romance autobiográfico incendiou o meio literário francês e reacendeu o debate sobre o consentimento um pouco por todo o mundo.
Pedro Mexia, Expresso
«Um testemunho lúcido e arrepiante, [...] um livro corajoso e poderoso.»
Léonard Billot, Les Inrockuptibles
«Uma escrita simples, precisa e sábia, uma linguagem clássica, luminosa e precisa. Elegante e implacável. [...] Um livro maior.»
Marie-Dominique Lelièvre, Le Nouveau Magazine Littéraire
«Um livro que é como um farol, que não para de lançar a sua deslumbrante luz.»
Télérama
De leitura fácil, apenas pela forma como a história (verídica) é contada. Foi dificil ler este livro, na medida em que muitas vezes me coloquei no lugar da autora. Senti muita revolta e emocionei me bastante. Recomendo!
Há já algum tempo que não "devorava" assim um livro. A escrita é aparentemente fácil, mas, na verdade uma excelente prosa, não fosse o tema, seria bonita. O livro capta a nossa atenção como uma teia que nos prende, ao mesmo tempo que nos incomoda profundamente, emociona e causa revolta. Espero que VS escreva muitos mais livros, a consegui-lo, com um nível semelhante a este.
É um livro muito bem escrito, com uma linguagem muito franca, sem subterfúgios, sem espaço para outras intenções que não a que a autora pretende passar. É cruel ler que há 40 anos a pedofilia era um crime de segunda linha onde a própria família olhava para o lado e aceitava. O sofrimento e a raiva da autora são sentidos por quem a lê. É um livro que pode ensinar quem tem e quem vem a ter filhos daquela idade e todos os perigos que a adolescência pode trazer.
É um livro profundo. Trata um tema difícil. Mas está bem escrito. Adorei a escrita da autora e fiquei com vontade de ler mais livros dela. É uma leitura que recomendo
Um livro de não ficção que visa o debate e a demonstrarmos a nossa opinião pessoal sobre esta temática. Este é um relato da própria autora que teima em demonstrar o seu "Consentimento" em tenra idade. Mas será que a pedofilia tem de ter a "aprovação" da criança/adolescente em questão? Uma leitura que não podem perder!
É um relato contado em primeira pessoa que nos prende desde o início. Não é apto para toda a gente, mas é importante que esta obra chegue ao maior número de pessoas possível.
Vale muito pela escrita e tradução muito bem conseguidas. O conteúdo em si é muito doloroso, principalmente pelos efeitos nefastos que G. causou a Vanessa e pela impassividade daquela mãe! Em 1985 não havia comissão de menores em França??
Com 13, 14, 15 anos é fácil ceder a uma tentação imersa em atenção, palavras bonitas e atos encantadores, ainda para mais em circunstâncias duras de um passado solitário. Claramente que nós, adultos, temos o dever de denunciar este tipo de relações e fazer ver as estas vítimas que o amor não é assim. Que o amor não acontece entre uma criança de 13 anos e um homem de 50 anos. Que com 13 anos a descoberta do sexo, do órgão sexual e atos preliminares é feita com alguém da nossa idade e não com um homem de 50 anos. Devemos dizer-lhes que se isso acontece algo está muito errado. O meu coração está pequeno e revoltado por ler uma realidade tão dura. Um livro com uma escrita simples, contudo sofisticada, e com uma tradução esplêndida de Tânia Ganho, este testemunho de 5 estrelas é urgente para colmatar as lacunas que persistem na mente humana. Mas que lacunas? As lacunas das mentes retrógradas, sujas e nauseabundas. Afinal, o que é o consentimento?