Uma Mentira Mil Vezes Repetidas eBook
de Manuel Jorge Marmelo
Sobre
o LivroPara escapar ao anonimato de uma vida comum, à solidão da escrita e ao esquecimento dos futuros leitores, o narrador de Uma Mentira Mil Vezes Repetida inventou uma obra monumental, um autor - um judeu húngaro com uma vida aventurosa - e uma miríade de personagens e de histórias que narra entusiasticamente a quem ao pé dele se senta nos transportes públicos. Assim vai desfiando as andanças literárias de Marcos Sacatepequez e o seu singular destino, a desgraça do Homem-Zebra de Polvorosa, o caos postal de Granada, a maldição do marinheiro Albrecht e as memórias do velho Afonso Cão, amigo de Cassiano Consciência, advogado e proprietário do único exemplar conhecido de Cidade Conquistada, a obra-prima de Oscar Schidinski. Enquanto o autocarro se aproxima de Cedofeita, ou pára na rua do Bolhão, quem o escuta viaja do Belize a Budapeste, passando pelas Honduras, por estâncias alpinas, por Toulon ou por Lisboa. Mas se o nosso narrador não encontrou a glória - senão por breves momentos e na mente alheada de quem cumpre uma rotina - talvez tenha encontrado o amor. Ou será ele também inventado?
Não apreciei este livro pela simples razão de que é pastiche de muitos outros. Não possui o fôlego de que o projecto carecia. Começa muitíssimo bem mas perde-se pelo caminho. Compreendo o prémio atribuído, mas foi um livro que me desiludiu.
Excelente narrativa na qual se abordam temas relevantes e muito actuais.
Manuel Jorge Marmelo (MJM), com este seu romance vencedor do Prémio Casino da Póvoa, recorre a uma estrutura típica do romance pós-moderno em que vários estilos coexistem numa trama desenrolando-se por textos dentro de textos dentro de textos. Neste sentido, é um estilo mil vezes repetido que continua a produzir a ilusão da sua originalidade. Mas o problema maior para o leitor nem reside aí. A narrativa baseia-se numa premissa pouco verosímil, bem ao estilo saramagenho que o autor tanto preza, mas parece não conseguir sedimentar muito a partir daí na medida em que as suas próprias personagens parecem inverosímeis: quem é que no seu perfeito juízo julgará que o fingimento da literatura poderá dar acesso à fama? E quem é que escuta o que os outros dizem em transportes públicos para lá da imediação da repulsa momentânea? Espere-se que o prémio seja um incentivo a que MJM melhore a sua produção substancialmente... O júri partilhará tamanhas responsabilidades; e, sobretudo, também os leitores.
Não foi por acaso que Manuel Jorge Marmelo ganhou o Correntes d' Escritas 2014 com esta obra. O narrador inventa histórias, um livro, e leva-nos numa viagem maravilhosa, que a escrita deste autor nos proporciona. O ritmo do romance é perfeito, com personagens enigmáticas e interessantes. Nunca antes foi tão bom andar de autocarro pelas ruas de uma cidade! Uma leitura recomendada, com certeza.
Mentir bem é uma arte, mas neste livro a arte de escrever(bem) supera as mentiras inventadas pelo personagem e (re)lembra-nos o prazer da leitura.
Mentir bem é uma arte, mas neste livro a arte de escrever(bem) supera as mentiras inventadas pelo personagem e (re)lembra-nos o przer da leitura.