Peregrinação De Barnabé Das Índias eBook
de Mário Cláudio
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Sobre
o Livro
Sinopse
Aqui se contém a oculta viagem de Vasco da Gama, relatada aos que possuírem ouvidos para ouvir. Na escumalha da tripulação da armada que ruma às Índias segue Barnabé, jovem grumete, natural das cercanias de Lamego, sujeito ao mais bruto serviço, portador de um segredo que a noite não vencerá. Com ele atravessa o mar e os seus mostrengos, as tempestades de fora e de dentro, a euforia de se definir homem, e fragilíssimo como tal. Quem terá porém descoberto o caminho, e regressado a Lisboa?
Opinião
dos leitoresDetalhes
do Produto
Peregrinação De Barnabé Das Índias
ISBN
9789722044578
Editor:
Dom Quixote
Idioma:
Português
Tipo de Produto:
eBook
Formato:
ePUB i
Classificação Temática:
eBooks em Português
> Literatura
> Ficção
Na Peregrinação de Barnabé das Índias, os marinheiros parecem esfomeados mais pelas visões oníricas e pelos “bicharocos” do mar que imaginavam do que propriamente pelos alimentos. Em uma representação dos imaginários propositalmente mais alargada do que nas épicas antigas, a obra de Mário Cláudio presta homenagem ao passado da navegação portuguesa em dez capítulos, em uma possível referência com tal divisão aos dez cantos camonianos de Os lusíadas. Contudo, o escritor não heroiciza os grandes capitães como faz o poeta lusitano. Mário Cláudio segue na esteira de um José de Sousa Monteiro, nos estudos históricos sobre a inconsciência do navegador português em destaque, e de um Manuel Pinheiro Chagas e Alexandre Herculano, na representação ficcional da viagem, partindo da ótica do povo que foi submetido a tal destino ultramarino. Assim, o que Mário Cláudio parece fazer nessa obra é justamente rever a época das navegações portuguesas, mostrando uma nova versão para a viagem inaugural do caminho marítimo para as Índias, cujo elemento bestiário é extremamente importante para a composição do imaginário de toda frota atuante na história, marcando tal jornada geográfica mais pelas investidas da mente do que pelo percurso exterior. Como o próprio título indica, trata-se da representação de uma peregrinação que concede certo sentido religiosamente subjetivo ao descobrimento desse caminho, reforçado pelas aparições de espíritos e do próprio arcanjo Rafael. Primeiramente, voltando à peregrinação central do livro, podemos perceber uma grande mudança que vai acontecer observando atentamente o leitor a disposição gradual dos capítulos. Nos cinco primeiros – “As Neves”, “Os Demónios”, “As Chagas”, “Os Loucos” e “As Cordas” – temos uma sucessão de símbolos convergentes a um campo semântico que remetem-nos à idéia de inferno, desgraça, maldade e problemas. Quanto aos cinco últimos capítulos – “Os Peixes”, “Os Anjos”, “As Cidades”, “As Pombas” e “As Luzes” – formam uma antítese em relação ao primeiro conjunto, marcando a diferença entre os pares: neves x luzes, cordas x pombas, demônios x anjos e loucos x peixes: Nesse movimento entre os capítulos, nota-se a perspectiva do sujeito em sua progressiva peregrinação. Assim, logo a partir do índice, o leitor já pode esperar a mudança de uma dada situação vigente, situação essa fundamentada com base na representação da tradição do maravilhoso, a qual será posta à prova nessa jornada. Em tal viagem, Vasco da Gama é acompanhado de perto pelo fictício cozinheiro Barnabé, judeu português que viverá perturbadoramente a discriminação praticada contra os povos de sua origem religiosa. O leitor que pretende se aventurar na leitura da Peregrinação de Barnabé das Índias, entretanto, encontrará um romance de muita qualidade em comparação ao que tem sido produzido recentemente sobre o tema. No geral, a fidelidade de Mário Claudio no uso do conto tradicional em suas obras, representa, acima de tudo, uma noção arquetípica da narrativa mítica que é vivaz no inconsciente coletivo dos portugueses, elaborando dessa forma uma memória onírica que esteve sempre presente na vida portuguesa. É esse o principal fator dos seus livros, em nossa opinião, que transmite um extraordinário poder de atração aos seus leitores. O manejamento de complexos enredos fundamentados na representação dos espaços imaginários religiosos ou não, cruzam espaços mais populosos, porventura nostálgicos, mas de certeza interpelantes, abordados por detalhes que individualizam, pela emoção que justifica e pelo respeito do passado. Todos esses fatores proporcionam originalidade à escrita de Peregrinação de Barnabé das Índias, garantindo o escritor um texto literário de densa pesquisa e grande poder criativo e reflexivo. Daniel Vecchio