O Futuro da Internet eBook

Picasso disse um dia que os computadores são inúteis pois apenas conseguem dar-nos respostas. Esta expressão vem a propósito de um conjunto de contributos publicados recentemente na revista WIRED sobre a forma como a tecnologia interfere connosco. Dalai Lama lembra um antigo projector manual de filmes, que lhe despertou a paixão pelo cinema e pela electricidade. O sonho de David Crosby é um computador que o acompanhe para onde quer que vá, obediente, mas não demasiado subserviente, enfim, um amigo inteligente! Robert Sullivan faz, por seu lado, a apologia das máquinas de escrever tradicionais. Mas porque é que toda esta necessidade de pensar nas tecnologias das nossas vidas, com vista a avaliar a direcção para onde nos conduz esta nova era digital, se torna pertinente nestes tempos de finais de milénio?

Da organização Fordista dos princípios do século, associada à produção em massa, centrada na empresa e nos átomos, o mundo avançou rapidamente nos últimos anos para a era da informação, a era dos bits, com as mesmas economias de escala, mas menos relacionadas com o espaço e com o tempo. Mas talvez esta nova era digital tenha sido tão discutida que não nos tenhamos dado conta que estamos a passar para uma era pós-informação, como refere Negroponte: "Muitas actividades, em particular a dos chamados trabalhadores do conhecimento, não estão dependentes do tempo e do local e serão separadas muito mais cedo da radicação geográfica". Sem terem de estar ao mesmo tempo na sala de operações, "no futuro teremos as tecnologias de telecomunicações e de realidade virtual necessárias para que um médico possa realizar em Houston uma operação delicada a um doente que está no Alaska".

O impacto da utilização das tecnologias de informação na sociedade, agora com a Internet e com o advento da sociedade pós-informação será, portanto, de assinalar. As máquinas interagem mais e melhor com os seus utilizadores. O aluno poderá cada vez mais aprender "fazendo", dando luz às teorias construtivistas da aprendizagem, a televisão tornar-se-á mais versátil e "interactiva", os serviços públicos estarão mais próximos do cidadão, as empresas serão "virtuais", as cidades serão "digitais", a informação torna-se "global" (ou "glocal")…

Mas tudo isto só trará vantagens?

A colectânea de artigos originais publicados neste livro sobre o futuro da Internet pretende sondar isso mesmo. Fizemos uma análise estratégica sobre o interesse do tema para os cibernautas e das áreas temáticas que seria mais interessante analisar de uma forma prospectiva. Endereçamos convites a alguns dos melhores especialistas ligados à Internet e obtivemos a resposta muito favorável por parte dos mesmos em relação a esta iniciativa que conta ao todo com 42 autores e 37 artigos que estão classificados em cinco grandes áreas temáticas (não necessariamente "estanques"):

Procurando representar simultaneamente o estado da arte sobre cada um dos sub-temas e uma análise prospectiva sobre as linhas de evolução da Internet, os artigos abordam os mais diversos assuntos e problemáticas ligadas à "net": desde a cultura ao social, desde a administração pública às empresas, desde a escola às novas tecnologias de informação e comunicação e à influência destas nas nossas vidas, na sociedade e no mundo. Certamente nem todas as áreas foram abordadas, seria aliás tarefa impossível. Grandes foram, no entanto, os esforços e valiosos os contributos dos autores.

A Internet é o tema dominante neste livro, sempre visto numa perspectiva de futuro, no amanhã (que já começou ontem) a "net" vai fazer cada vez mais parte das nossas vidas e vai revolucionar a forma como trabalhamos, como vivemos, como nos divertimos, como fazemos negócios, como aprendemos,...

Dependendo de si este livro poderá ser o primeiro de um projecto com continuidade no futuro. De facto, o futuro no mundo da Internet já é passado no momento em que acabar de ler esta frase. Nesse sentido a dinâmica é imparável.

Convidamo-lo, também a si, a ler connosco, o futuro. Talvez não seja assim tão mau. Talvez Picasso estivesse enganado...

Ou talvez não?