A Agenda Vermelha eBook
de Sofia Lundberg
Sobre
o LivroDoris pode ter noventa e seis anos e morar sozinha em Estocolmo, mas tal não significa que não continue ligada ao mundo. Todas as semanas, aguarda ansiosamente o telefonema por Skype com Jenny, a sobrinha-neta americana que é, simultaneamente, a sua única parente. As conversas com a jovem mãe levam-na de volta à sua própria juventude e tornam mais suportável a iminência da morte, que Doris sente a rondá-la. De uma forma muitíssimo lúcida, escolhe, de entre as inúmeras memórias que uma vida longa carrega, as que estão relacionadas com aqueles que conheceu e amou e cujo nome inscreveu numa pequena agenda vermelha.
As histórias desse passado colorido – o amor platónico pelo pintor modernista Gösta Adrian-Nilsson; o trabalho como manequim de alta-costura em Paris, na década de 1930; a fuga clandestina num barco que é bombardeado pelos soldados alemães do III Reich, no auge da Segunda Guerra Mundial – recriam uma existência plena que, embora se aproxime do derradeiro final, não está isenta de surpresas: um lembrete agridoce de que, na vida, os finais felizes não são apenas ficção.
A premissa desse livro é maravilhosa. A forma como a autora tentou levar a cabo é que... Doris escreve as suas memórias num livro de endereços vermelho, que o seu Pai lhe deu, enquanto jovem, na Suécia. Para cada entrada, há uma estória, na qual ela marca ´´morto´´ por cada nome enquanto conclui cada legado escrito para sua sobrinha, Jenny. O livro simplesmente não mexeu muito comigo. Avanços e recuos na acção, entre o doloroso tempo de Doris de 96 anos no hospital, para Jenny e sua família, e a volta no tempo enquanto Doris relembra o seu passado, principalmente até e através da Segunda Guerra Mundial. A sabedoria que ela deseja passar de geração em geração é admirável. Contudo, as estórias não despertaram muita emoção para mim. Li e passou, como uma pena... Bom para desanuviar de narrativas mais densas.
Um livro maravilhoso e muito bem escrito que nos faz pensar e dar valor tanto à nossa vida como a de quem faz parte dela.
Excelente romance de estreia desta autora! Quem segue o blog sabe o quanto eu adoro histórias com idosos e as suas fabulosas reminiscências, e este livro é um excelente retrato de tudo o que eu gosto nestas histórias; a mistura do presente com o passado, drama, muito drama, drama romântico, drama familiar, com um excelente enquadramento histórico, neste caso especialmente sobre os anos 20, a crise dos anos 30 e a Segunda Grande Guerra dos anos 40, homossexualidade, abusos, desgostos, esperança, tudo enquanto acompanhamos a história de vida de Doris e as pessoas que formaram parte da sua vida, entre a Suécia, a França e os Estados Unidos, numa escrita fluída, nostálgica e melancólica, prende do início ao fim, causando-nos aquela ânsia de querer saber o que vai acontecer a seguir, ou o que aconteceu no passado, ou um misto dos dois. A autora inspirou-se na sua tia-avó paterna, Doris, que tinha uma agenda vermelha, com a maioria dos nomes riscados e escrito ao lado: Morto - Morta... esta história é um ode velhice e à solidão que a acompanha, faz-nos pensar que temos de aproveitar ao máximo a nossa vida, as vidas de quem estimamos e temos ao nosso lado, e também a valorizar os nossos idosos, a sua experiência e as suas histórias de vida... a autora também se inspirou no tio do avô materno, um artista chamado Gösta Adrian-Nilsson, artista desprezado e gay, pobre, com um amor enorme por Paris...
A vida é tão curta, mas há vidas mais ricas que outras. Esta obra de ficção compila uma vida riquíssima, de forma muito bem escrita, e num formato físico que dá gosto desfolhar. Foi uma das grandes obras que li este ano e recomendo, até pelo passeio literário através do século XX.